segunda-feira, 7 de novembro de 2016

 PREGÃO   -   Mexilhão da Ribeira de Frielas: I-érre, I-éérre, me-xi-lhão! Ih! Êrre-érre, mexilhão! P´r´à patroa i p´r´ò patrão!… (1903); Éérri éérre, mexilhão! Cá está ô mexilhãão, óh mexilhãão! (1940)

terça-feira, 23 de agosto de 2016

Dia de Todos os Santos em Angola
 FENOMENAL 
 Em Angola, há muito que se pratica a verdadeira austeridade.

Exemplo: o governo não gasta dinheiro em Conselho de Ministros, pois reúne-se ao fim de semana em almoços familiares onde são resolvidos os problemas do país.

A PROVA:

1. Ministro das Finanças: Carlos Lopes, marido da irmã da primeira-dama Ana Paula dos Santos.
2. Ministro do Ensino Superior; Adão do Nascimento, sobrinho do presidente José Eduardo dos Santos.
3. Vice-Presidente da República: Manuel Vicente, enteado da falecida irmã do presidente José Eduardo dos  Santos.
4. Secretário de Estado para a Habitação: Joaquim Silvestre, irmão da primeira-dama Ana Paulo dos Santos.
5. Secretária do Presidente para os Assuntos Particulares: Avelina dos Santos, sobrinha do Presidente José Eduardo dos Santos, filha do seu irmão Avelino dos Santos.
6. Administrador do Fundo Soberano: Zenu dos Santos, filho do José Eduardo dos Santos.
7. Secretário-geral da Casa Militar: Catarino dos Santos, sobrinho de José Eduardo dos Santos, filho do seu irmão Avelino dos Santos.
8. Presidente do Conselho de Administração da EPAL: Leonildo Ceita, primo da primeira-dama.
9. Presidente do Conselho de Administração da ENANA: Manuel Ceita, primo da primeira-dama Ana Paula dos Santos.
10. Presidente do Conselho de Administração do Banco de Comercio e Industria (BCI): Filomeno Ceita, primo da primeira-dama.
11. Director do Instituto Nacional de Estatística: Camilo Ceita, primo da primeira- dama, Ana Paula dos Santos.
12. Presidente do Conselho de Administração da MECANAGRO, da GESTERRA e presidente da Federação Angolana de Hóquei em Patins: Carlos Alberto Jaime Calabeto, sobrinho/primo do presidente José Eduardo dos Santos.
13. Governador do BNA – Banco Nacional de Angola: José Massano, amigo pessoal e ex-colega de Isabel dos Santos, filha do presidente José Eduardo dos Santos.
14. Vice-governador do BNA: Ricardo de Abreu, compadre e amigo pessoal de Isabel dos Santos, filha do presidente José Eduardo dos Santos.
15. Ministra de Comércio: Rosa Pacavira, sobrinha da esposa de Avelino dos Santos, irmão do presidente José Eduardo dos Santos.
16. Administrador da TAAG: Luís dos Santos, irmão do presidente José Eduardo dos Santos.
17. Presidente do Conselho de Administração da A Maria Emília Abrantes Milucha, mãe da Tchize e Zé Dú dos Santos (Korean Dú) filhos do presidente José Eduardo dos Santos.
18. TPA 2 entregue a Semba Comunicações, empresa de Tchize e Korean Dú, filhos de José Eduardo dos Santos.
19. Presidente do Conselho de Administração da Sonangol: José Francisco de Lemos, primo da primeira-dama Ana Paula dos Santos.

Ou seja, é sempre dia de
TODOS OS SANTOS!

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Esta pérola veio parar à minha caixa de correio electrónico, através de um amigo, e decidi partilhá-la com quem passar por aqui.

"Uma das histórias judiciais que ficaram célebres, na primeira metade do século XX, teve a ver com a defesa de um arguido acusado de chamar "filho da puta" ao ofendido, expressão que, na altura, era considerada altamente ofensiva.
Nas suas alegações, o escritor e advogado Ramada Curto começou por chamar a atenção do juiz para o facto de muitas vezes se utilizar esta expressão em termos elogiosos: «Grande filho da puta, és o melhor de todos!», ou carinhosos: «Dá cá um abraço, meu grande filho da puta!», tendo concluído da seguinte forma:
«E até aposto que, neste momento, V. Exa. está a pensar o seguinte: "Olhem lá do que este filho da puta não se havia de ter lembrado só para safar o seu cliente!"...»
Chegada a hora da sentença, o juiz vira-se para o réu e diz :
«O senhor está absolvido, mas bem pode agradecer ao filho da puta do seu advogado!»"

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Já me está a aborrecer
deixa-te de idiotice
nesta hora de calor
ainda vamos ter chatiçe.

está um calor do caraças,
não se pode e  está na hora
de sair daqui para fora.

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

SOLIDARIEDADE JUDAICA




*Isaac está em pé na porta da sinagoga, com a mão estendida, pedindo:
"Tsedaká (caridade) por favor".*

*Chega o rabino e pergunta:*

*- Isaac, o que estás a fazer?*

*Isaac responde:*

*- Rabino, eu estou a juntar dinheiro para uma mulher viúva com 3 filhos
pequenos, que está a dever três meses de renda e se ela não pagar 30 contos
até hoje o  proprietário vai despejá-la.*

*-Isaac, quanto é que já recolheste?*

*-25 contos, rabino.*

*- Bem, para uma mitsvá tão importante de ajudar uma viúva, vou dar-te os 5
contos que faltam.*

*- Agradeço muito em nome da viúva, rabino.*

*- Isaac, tens um bom coração! A viúva é tua parente?*

*- Não, rabino :  é minha inquilina.*

quinta-feira, 30 de junho de 2016

Para todos aqueles que estão a tentar reformar-se ...
Reforma pela Caixa Geral de Aposentações
Usem este truque ou sejam verdadeiros ...

Quando apresentei a minha documentação para a merecida reforma da CGA, a senhora que me atendeu pediu-me o bilhete de identidade para confirmar minha idade...
Procurei e percebi que me tinha esquecido do documento em casa.
- "Vou buscar e depois volto à tarde".
A mulher disse-me: - "Desabotoe a camisa."

Muito encavacado, abri a camisa , revelei o meu tórax cheio de cabelos brancos e ela comentou: - "Esse cabelo grisalho para mim é prova suficiente", e iniciou o processo, recebendo a minha documentação.
Quando cheguei a casa e contei à minha mulher sobre a experiência tida no guiché da CGA, ela disse-me: - "Devias ter baixado as calças. Ias conseguir uma reforma melhor... por invalidez!"

quarta-feira, 22 de junho de 2016

    ANEDOTA                        O PADRE
Um homem casado vai confessar-se:
- Eu quase pequei...
E o padre:
- Que quer dizer com "quase"?
- Encostei o meu pirilau na empregada... Mas, na hora, eu não meti, eu parei. Por isso, foi "quase"!
- Encostar é a mesma coisa que meter... Você pecou, meu filho! Reze vinte ave-marias e colabore com cem euros para as obras da igreja, que será perdoado!
O tipo sai do confessionário, reza vinte ave-marias, tira uma nota de cem euros da carteira e vai até à caixa de esmolas. Encosta a nota na ranhura, mas recua e guarda o dinheiro.
O Padre, que estava espiando, grita:
- Eu vi isso, pecador! Você não meteu o dinheiro na caixa de esmolas!
- Foi o senhor mesmo quem disse que encostar é a mesma coisa que meter

terça-feira, 21 de junho de 2016

ANEDOTA -   Uma mulher, para ver a reacção do marido, deixou em cima da cama o seguinte
bilhete: "FUI-ME EMBORA E NÃO VOLTO MAIS" Escondida debaixo da cama, a
mulher esperou que o marido chegasse. Ele entrou no quarto, viu o papel,
escreveu qualquer coisa e pôs se a cantar, todo satisfeito. 5 minutos
depois, pegou no telemóvel e ligou a alguém:
- Amor, vou já. A maluca foi-se embora. Estou a caminho, amo-te! Pegou no
carro e foi-se embora. Louca de raiva, a mulher sai debaixo da cama e lê o
que ele escreveu...
- CONSIGO VER OS TEUS PÉS. Fui buscar pão. Deixa-te de merdas e faz o
almoço.

quinta-feira, 2 de junho de 2016

  LEÃO, O VELHO E A LOURA


 
> Imaginem a cena, ponham a vossa mente perversa a trabalhar...
>
>
> O leão, o velho e a loura
>
> O dono de um circo colocou um anúncio procurando um domador de leão.
> Apareceram 2 pessoas: um senhor de boa aparência, aposentado, beirando
> os 80 anos, e uma loura espetacular de 25 anos.
> O dono do circo fala com os 2 candidatos e diz:
> - Eu vou directo ao assunto. O meu leão é extremamente feroz e matou
> os meus dois últimos domadores.
> Ou vocês são realmente bons, ou não vão durar 1 minuto! Aqui está o
> equipamento - banquinho, chicote e pistola. Quem quer entrar primeiro?
> Diz a loura:
> - Vou eu!
> Ela ignora o banquinho, o chicote e a pistola e entra rapidamente na jaula.
> O leão ruge e começa a correr na direcção da loura. Quando falta um
> metro para ser alcançada, a loura abre o vestido e fica toda nua,
> mostrando todo o esplendor do seu corpo.
> O leão pára como se tivesse sido fulminado por um raio!
> Ele deita-se na frente da loura e começa a lamber-lhe os pés!
> Pouco a pouco, vai subindo e lambe o corpo inteiro da loura durante
> longos minutos!
> O dono do circo, com o queixo caído até ao chão diz:
> - Eu nunca vi nada assim na minha vida!
> Vira-se para o velhinho e pergunta:
> - Você consegue fazer a mesma coisa?
> E o velhinho responde:
> - Claro! É só tirar de lá o leão.

quarta-feira, 4 de maio de 2016

                                                   DÁVIDA
Deram-me vida, cresci
Deram-me à luz, pariram-me
Deram-me uma nalgada, chorei
Deram-me banho, estava sujo
Deram-me roupa, tinha frio
Deram-me mama, mamei tinha fome
Deram-me cama, tinha sono dormi
Deram-me espaço, onde viver
Deram-me uma família excelente, aceitei
Deram-me mimo tantas vezes, adorei
Deram-me carinho vezes sem conta, retribui
Deram-me vizinhos, excelentes
Deram-me amigos, muitos e bons
Deram-me palmadas, merecidas
Deram-me veredas, por elas caminhei
Deram-me escolas, onde  aprendi
Deram-me reguadas, quando merecidas
Deram-me ardósia, nela escrevi
Deram-me livros, que li
Deram-me trabalho, trabalhei
Deram-me ordenado, pequeno quanto baste
Deram-me sociedade, não muito justa
Deram-me liberdade, alguma
Deram-me oportunidades, aproveitei-as
Deram-me esposa, casei
Deram-me filhos, adoro-os
Deram-me o neto, uma benção
Deram-me tudo, estou grato.
Darei em  em paga, meu corpo para cremação.

Mem Martins, 10-11-2015         Francisco Parreira


sábado, 5 de março de 2016

Realmente, até onde vai o radicalismo islâmico, ou a imbecilidade muçulmana.
OS TOMATES ESTÃO INTERDITOS PELOS MUÇULMANOS RADICAIS.
Einstein dizia-o com todo o seu bom senso: “ É a estupidez humana que dá a melhor ideia de infinito “.
E tinha razão !

F5BEB7933DAF4347BCF720192D76EAD9@moiTOSHO fruto atacado e rejeitado

Um grupo de muçulmanos extremistas começaram a incitar todos os muçulmanos do Mundo inteiro para nunca mais consumirem tomates, dado terem sido classificados como “alimentos cristãos” porque, quando cortado em duas metades, o seu interior tem a forma de uma cruz.
Vejam a mensagem difundida nas redes sociais islâmicas:
" Comer tomates é interdito porque os tomates são cristãos. O tomate louva a cruz em vez de Deus e diz que Deus compreende três pessoas(em referência à Santíssima Trindade).Na Palestina há um mullah que teve uma visão do Profeta Maomé chorando, e prevenindo todos os muçulmanos para que párem de comer tomates. Se não divulgarem esta mensagem é porque o diabo vos impediu. 

Eis o objecto do delito, ou melhor,  o  objecto  do  delírio  paranóico  e  imbecil.
  1C448B0C057748AF8F2A29BC48FA999A@moiTOSH

Ao ritmo em que marcham os muçulmanos burros e estúpidos, já nada mais poderá surpreender-nos. Mas esta, é realmente muito fora do comum.  Não há meio de estes imbecis porem fim à sua estupidez anti-cristã.
O carácter internacionalista do povo português:
Se tem um problema intrincado, vê-se grego; 
 Se não compreende alguma coisa, aquilo é chinês; 
 Se trabalha de manhã à noite, trabalha como um mouro; 
 Se vê uma invenção moderna, é uma americanice; 
 Se alguém fala muito depressa, fala como um espanhol; 
 Se alguém vive com luxo, vive à grande e à francesa; 
 Se alguém quer causar boa impressão, é só para inglês ver; 
Se alguém tenta regatear um preço, é pior que um cigano; 
Se alguém é agarrado ao dinheiro, é pior que um judeu; 
Se vê alguém a divertir-se, está a gozar que nem um preto; 
Se vê alguém com um fato claro vestido, parece um brasileiro; 
Se vê uma loura alta e bonita, parece uma autêntica sueca; 
Se quer um café curtinho, pede uma italiana; 
 Se vê horários a serem cumpridos, trata-se de pontualidade britânica; 
 Se vê um militar bem fardado, parece um soldado alemão;
 Se uma máquina funciona bem, é como um relógio suíço; 
 Mas quando alguma coisa corre mal, é "à portuguesa".....

sexta-feira, 4 de março de 2016

Sua Excelência o Galo
Ao contrário do que diz o povo, não é qualquer um que canta de galo, porque só canta de galo quem é galo. E ser galo é um projecto de vida a tempo inteiro, que exige do próprio um permanente exercício de exaltação da mais pequena ou insignificante característica que possa parecer-se com uma virtude.
Um galo colocado no poleiro de uma empresa vai pensar que está numa capoeira e apostará permanentemente em mostrar a plumagem, fazer ouvir a cantoria, impressionar as galinhas e assustar os concorrentes.
Por definição, um galo empresarial aparece sempre muito engomado, a caminhar na ponta dos pés e olhando para o infinito como se estivesse a posar para a História ou para o pincel de Velasquez.
Particularmente anedóticas são as suas aparições televisivas ou os seus discursos formais, por se tratarem de intervenções geralmente desproporcionadas no tom e demasiado livres no conteúdo. A sua maior preocupação é parecer bem e ser fluente, ainda que discorra com incontrita ignorância ou notória superficialidade sobre tudo e mais qualquer coisa.
Não raramente, o galo é brilhante. Quer isto dizer que o galo brilha realmente, sobretudo quando se veste de cerimónia e cede à tentação do colorido. Ouvi-lo cantar até dá gosto, desde que não desafine e não exagere no gargarejo. Apreciar a sua capacidade para cobrir com gesto grave ou ademanes gráceis a vacuidade intelectual é, só por si, um espectáculo estimulante.
O galo empresarial português é um galo típico – tem sempre muitos projectos em carteira, planeia profundíssimas revoluções sociais, anuncia conquistas futuras com exagerada antecipação, mas fá-lo porque quer assegurar que ninguém vai assustar-se com o estrondo do seu fracasso.
No íntimo, o galo português é um herói em projecto, alguém que sabe perfeitamente o que deveria fazer para ser Grande, mas que prefere deixar aos outros a oportunidade de realizarem as minudências da vida sem a sua devastadora competição. Naquela linha de raciocínio do «agarrem-me, senão vou-me a eles», o nosso galo é um clássico da bazófia, um mártir das dificuldades invisíveis, uma vítima da conspiração universal.
Na gestão das empresas portuguesas os galos medram no primeiro ano do mandato e estoiram nos seguintes, indo estiolar até à reforma em discreto poleiro, depois de coleccionarem histórias mal contadas e números desleixados.
Costumam dar bons entertainers de sopeiras e secretárias, podendo também ajudar como bibliotecários ou relações públicas em fundações e obras de benemerência. Mas nunca os utilizem para gerir negócios sérios, porque correm o risco de terem a vossa reputação manchada pelos tremeliques da crista do vosso protegido.
O galo lusitano é uma ave doméstica, não é um galo selvagem armado de esporões e preparado para sangrar adversários num semi-círculo desenhado no terreiro manhoso da clandestinidade. Gosta de comida a horas e água lavada e se tiver de esgravatar fá-lo-á com luvas brancas e pose científica,como se o esforço carecesse de manual técnico.
O galo português é egoísta, antipático, arrogante e briguento. Tanto discute a validade de um golo no futebol como a honra da vizinha no café da vila. Completamente desinteressado das opiniões e sentimentos alheios, fere susceptibilidades como quem golpeia pecados com a cruz. É um radical
chique ou, simplificando, um malcriado.
Consequência natural da sua personalidade, o galo é desconfiado, nomeando-se a si mesmo como melhor amigo. Tem, por isso, alguma dificuldade em ouvir a opinião dos outros ou atender a argumentos de bom senso, sobretudo quando lhe parece que o comentário pode conter uma censura à sua pessoa.
Por impulso e por inconsistência, o galo é um gastador. Centrado na aparência e no efeito social da acção, o galo desperdiçará o dinheiro que lhe vier ao bico com enorme rapidez e total falta de razão.
Perderá o seu e o alheio por erro e vaidade, incapaz de notar a iminência do desastre por miopia e tolice.
É provável que o galo aprecie a companhia de galinhas, sobretudo se elas lhe retribuírem uma imagem de cavalheiro amável e galanteador, sem procurarem o confronto intelectual ou detectarem as insuficiências.
No mundo empresarial português há ainda que distinguir dentro da espécie três categorias: os galos propriamente ditos, os galarós e os garnizés.
Os galos propriamente ditos são aqueles que, apesar de todos os defeitos, conseguem aguentar-se fora da grelha ou da panela, envelhecendo suficientemente as carnes para poderem persistir nas tolices. Muitos acabam por transformar-se em aves relativamente divertidas ou simpáticas, conquistando lugares decorativos nas capoeiras da abundância, com proprietários tolerantes.
Os galarós são os galos jovens que começam como grandes esperanças, rapidamente se promovem a génios e repentinamente caem às mãos de cozinheiro impiedoso, que deles faz canja saborosa ou churrasco perfumado.
Os garnizés são galos que envelhecem mas não crescem, mantendo eternamente aquele ar gaiato e progressivamente mais ridículo, de quem não se dá conta que há uma contradição crescente entre o seu tamanho e a dimensão do Mundo.
Em conjunto, galos, galarós e garnizés asseguram um ambiente razoavelmente kitch em alguns dos mais importantes conselhos de administração e ministérios da Pátria a que chamamos Portugal.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

É bom, faz bem, não importa a posição...
   
Segundo estudos recentes:
 
 
em pé, fortalece a coluna;
de cabeça baixa, estimula a circulação do sangue;
de barriga para cima é mais prazeroso;
sozinho, é estimulante, mas egoísta;
Em grupo, pode até ser divertido;
no banho, pode ser arriscado;
No automóvel, é muito perigoso...
com frequência, desenvolve a imaginação;
entre duas pessoas, enriquece o conhecimento;
de joelhos, o resultado pode ser doloroso...
sobre a mesa ou no escritório,
antes de comer ou depois da sobremesa,
sobre a cama ou na rede,
nus ou vestidos,
sobre o sofá ou no tapete,
com música ou em silêncio,
entre lençóis ou no "closet":

sempre é um acto de amor e deenriquecimento.

Não importa a idade, nem a raça, nem a crença, nem o sexo,
nem a posição socioeconómica...


...Ler é sempre um prazer!!!...
DEFINITIVAMENTE, LER LEVA A DESFRUTAR DA IMAGINAÇÃO...

E VOCÊ ACABOU DE EXPERIMENTAR ESSE FACTO...

DEIXE-SE DE IDEIAS MALICIOSAS E...

 
PROCURAR UM LIVRO!

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

OLopes é um homem amá- vel e paciente mas, naquele momento, a voz dele reflectia alguma inquietação: – Então, Ricardo, o conto? Ainda não mandaste o conto! Não compreendo e manifesto estranheza: – Tenho mais três dias, não? Ainda estamos a 17! – Qual 17, pá! É dia 20, queremos fechar a revista, só falta o raio do conto. Está escrito, julgo eu. – Nem pensado. – Homem, desembrulha-te. Tens até à meia-noite para me fazeres chegar o conto, via on-line, bem entendido. Despacha-te. Aplica-te. Corro para o pequeno gabinete onde habitualmente escrevo, a tempo e horas. Desta vez sinto-me entalado. Um conto? Assim, do pé para a mão? Detesto escrever pressionado embora reconheça: a pressão gera adrenalina criativa. Desde que consiga concentrarme, o que não é fácil com a baru - lheira da música e vozes que cai do piso de cima, logo haveria de ser hoje a festa da arromba. Tento desviar a atenção mas não consigo, o chinfrim é demasiado intenso e desvairado. Que faço? Subo os doze degraus que me separam do piso acima e primo o botão da campainha. Nada. Nem devem ouvir a campainha, sufocada pelo seu próprio barulho. Então bato na porta – palmadas fortes e reclamativas. A resposta não é o silêncio – é apenas o mesmo baru - lho. E ninguém que apareça a saber porque toco, bato e reclamo. Desço. A meio do trajecto para voltar a casa, páro, mão na cabeça. Um conto? Assim a mata-cavalos? Teria imaginado um enredo se soubesse que hoje é dia 20 e não dia 17. Sento-me de novo à secretária, tapei os ouvidos com bolas de algodão. Pouco atenuam a baru - lheira, mas vamos lá, vamos lá. Talvez uma história de má vizi - nhança, gente sem respeito pela comodidade dos outros. Comodi - dade? Qual comodidade! Eu preciso é de sossego e cabeça limpa para escrever um conto Começo a enervar-me. Chamo a Polícia? Não adianta, dizem-me que até à meia-noite cada um, em sua casa, pode fazer o cagaçal que lhe der na veneta. Espera, parece que abrandaram. Ou é o algodão que me engana? Esperemos um pouco. Terá de ser pouco, faltam cinco para as dez, o limite é a meia-noite. E se eu escrevesse uma historiazinha de amor? Qual amor, no estado de espí- rito em que estou não há amor que triunfe. Mas tentarei serenar. Um momento, o que é isto? Do andar de baixo chega-me um zumbido de panela de pressão a descomprimir sem poupar nos decibéis. Coisa de máquina. Vari nha mágica? Secador de cabelo? Serra eléctrica? Seja o que for, zumbe alto, mau som. Agora desço. Toco a outra campainha, de outra porta. Sem resposta, volta à opção dos murros na madeira. Pedirei delicadamente: cara vizinha, importa-se de desligar essa gaita? Sabe, quero escrever um conto e esse zunido não me deixa nem pensar. É o que lhe digo se a excelentíssima assomar à porta. Mas não assoma. Sinto-me entre dois fogos, baleado por cima e por baixo, é uma conspiração malvada para eu falhar o compromisso de entregar o conto. Para grandes males, grandes remédios. Vou mesmo chamar a Polícia. Olha, nem de propósito: a Polícia chega no elevador, logo dois guardas, aliás um e uma. Obrigado por terem vindo. Salta do apartamento de baixo a vizinha mouca aos meus apelos e grita para a autoridade: – Fui eu que chamei a Polícia. Este senhor anda por aqui a dar murros nas portas, não se aguenta. Fico apalermado, nem sei o que dizer, agora vem o vizinho do andar de cima e aponta-me um dedo acusador: – Eu também chamei a Polícia e fi-lo para me queixar de pancadas insuportáveis na porta do meu apartamento. – Volta-se para mim: – o senhor está bêbado? – Eu? Eu só queria escrever um conto… O duo policial dá o assunto por resolvido, recomenda calma e boa vizinhança, retira-se. Volto ao meu pequeno escritório, espremo as meninges. Um conto? Ora deixa ver que horas são: onze e meia! Tenho meia hora para escrever e enviar um conto? Deixem-me rir, ou antes, deixem-me chorar. No entanto, ainda não atirei a toalha ao chão, como se faz no boxe quando um desgraçado se escusa a levar mais pancada. Esforço-me, bolas, esforço-me, será que não merecia um adiamento no prazo? Prazo… pode ser uma ideia, prazos que crescem, prazos que encolhem. Vamos a isto. Chiça, agora o telefone. Quem me telefone a hora tão inconveniente? Levanto o auscultador e resmungo: – Estou. Soa-me a voz do Lopes: – Ainda bem que estás. Onde estavas? É a quinta vez que ligo e não atendes. – A quinta vez? Ainda não é meia-noite… – Mas estou farto de ligar para te dizer que não te preocupes. Para a página em branco vai uma notícia de última hora, assunto importante. Já tinhas escrito o conto? Minto despudoradamente: – Todinho. – Claro, aí nessa tranquilidade, sozinho em casa, um conto é canja. – Exacto. Às onze já o tinha pronto. Mas, sendo assim, não é preciso enviar, pois não? – Nem terias escrito se atendesses o telefone. Mas tudo bem. – Espero que me paguem o trabalho... ■ O
Nunca Gregório Gil tinha imaginado que o seu insuperável romance de amor com Tininha Benzadeus pudesse rebentar como um foguete de lágrimas. Tinham-se conhecido, três anos antes, na festa de aniversário de um amigo comum. A conversa de circunstância logo gerou uma simpatia recíproca, simpatia tal que combinaram encontrar-se no dia seguinte, para um café e mais conversa. Nesse segundo encontro nasceu a vontade do terceiro, e do terceiro brotou o desejo do quarto, palavra aqui utilizada no seu sentido numérico, depois o quinto, cada vez ela admirava mais as qualidades e modos dele, ele mais se entusiasmava com os encantos dela, não só físicos mas também. Só à segunda quinzena de encontros, cada um mais saboroso que o anterior, Greg, diminutivo que lhe colaram na adolescência e que Tininha achou o máximo, só passado esse tempo todo, ele ousou estender-lhe a mão. E ela estendeu a mão para a mão dele, Depois a segunda mão dela estendeu-se para a segunda mão dele. Abreviando, passou outra quinzena até se estenderem de corpo inteiro no T1 do namorado. Esse contacto de manifesta importância acendeu a paixão a calores que nem ele nem ela se julgavam capazes de atingir, Tininha já só quis sair do T1 de Greg quando ambos, como sempre em perfeito acordo, se mudaram para um T2. O tempo corria, animado e feliz. Segredavam mesmo que ti - nham atingido o topo da felicidade, mais era impossível. Engano, nos dias seguintes iriam descobrir que essa felicidade não parava de aumentar. Mesmo quando Tininha passou a bocejar durante declarações de amor eterno com que Greg não se cansava de a mimosear, esse insignificante gesto não se podia confundir com farrapo de nuvem na claridade do céu. Foi com sorridente estranheza que Greg a observou, numa manhã de sábado, a acomodar os trapinhos na mala. – Vamos viajar, amorzinho? – quis saber, sem desmanchar o sorriso E ela explicou: – Tu ficas, querido. Contigo fica a minha gratidão por todo este tempo de plena felicidade que me deste mas talvez tudo seja demasiado perfeito, não sei, preciso de partir para etapa nova na minha vida. – Tininha, Tininha, vais deixarme? – gritou ele, entre incrédulo e assustado. Ela passou-lhe pelo rosto as duas palmas das mãos que ele tanto apreciava e disse: – Não, Greg, eu não vou deixarte, vamos deixar-nos, o que é diferente. O nosso romance chegou ao fim. Em alta. Beijou-o nas duas orelhas e saiu, com a mala e o sorriso meigo de todos os dias. Mesmo conhecedora de como era intenso o amor que o agora dispensado lhe votava, Tininha Benzadeus não terá avaliado os estragos. Homem de alta emotividade, Greg perdeu a cabeça, não posso viver sem ela, dizia-se a si mesmo. Não posso viver sem ela e não quero viver sem ela. Logo, o que eu realmente quero é morrer. Esta ideia horrível dominavalhe qualquer esboço de serenidade e decidiu, irrevogavelmente, pôr fim aos seus dias. A dúvida estava em como. Receou que lhe faltasse a coragem para meter o pescoço no laço de uma corda, nem pistola tinha para um tiro em que fosse ele o alvo. Mais simples seria se o matassem, concluiu. E assim concluindo, dirigiu-se de madrugada a um arrabalde da cidade que, diziase nos jornais, era palco frequente de assaltos e homicídios. Por ali andavam criminosos do piorio. Lá foi e, corajosamente, desafiou os malfeitores a que o matassem. Eles riram-se muito, tiraram-lhe a carteira, o relógio e o telemóvel, mas quanto a violência não lhe deram mais que pontapés no rabo. E ninguém morre com pontapés no rabo. Desolado, pensou noutra forma de morte, o que ele não suportava era a estranha forma de vida, sem a Tininha. Optou, então, pelos venenos. Correu a comprar raticidas, insecticidas e tudo quanto encontrasse de apropriado e sem necessidade de receita médica. Inclusive produtos usados na agricultura para liquidar ervas dani - nhas e bichos. De todos os venenos deitou boa porção em copos separados mas, em todas as provas, ao primeiro contacto das beberragens com o seu paladar apurado, vomitava convulsivamente. Tomado pelo desespero foi à varanda do seu quinto andar dispostíssimo a dar o salto para o além. Mas sofria de vertigens. Mal se debruçara deu um salto à retaguarda e insultou-se com todos os nomes que lhe ocor - reram: cobarde, medricas, medroso, merdoso, caguinchas. Sentou-se no chão, cabisbaixo, só levantou os olhos quando sentiu a porta a abrir-se. – Voltei, Greg! Voltei para ti, amor da minha vida! Ele olhou-a, quis falar mas as palavras não saíam, quis correr na direcção dela mas as pernas não se moveram, sentiu a comoção da felicidade absoluta, levou as mãos ao peito como para uma mensagem de amor, e morreu. ■ P
Da casa onde mora até à Segunda Circular vai-se fácil e rápido. Mas atingido esse canal de tráfego que vai enchendo e escoando Lisboa, a marcha é um desespero de lentidão. Gilberto alcançou a faixa do meio, ligou o rádio, espreitou o relógio e o indicador da disponibilidade de combustível. Nada de inconveniente. Aborrecida tinha sido a discussão com a mulher, Flávia, na hora de partirem, cada um à sua vida profissional, em pontos opostos da periferia citadina. Estranhou as buzinadelas de condutores e condutoras que o ultrapassavam, pela esquerda e pela direita. Intrigou-o, ainda mais, perceber que o alvo do banzé era ele, mais concretamente o carro que conduzia, a direito, na faixa do meio, à escassa velocidade que o trânsito ia permitindo. Assustou-se: um furo? Estariam a avisá-lo que um pneu se demitira da sua função por falta de ar? Não podia ser. Dizia-lhe a experiência que um percalço dessa natureza se revela às mãos que seguram o volante. E não eram só ataques de buzina. Os parceiros da estrada dirigiam-lhe olhares zangados, faziam sinais com as mãos e os braços, inclusive com dedos espetados, alguns mandavam que se encostasse à berma, olha, olha, não é canja chegar à berma quando se vai, devagarinho, pela fila do meio, bloqueado pelo cortejo de viaturas quase coladas e com pressa na fila da direita. Quer da direita, quer da esquerda, viravam-se para ele, espantados, ameaçadores, alguns pareciam atirar-lhe insultos. Que diabo é isto? A insignificância de uma porta mal fechada? Nem podia ser o caso. Aquele carro, por sinal comprado por Flávia em terceira mão, dispunha do pequeno luxo de sinalizar qualquer problema desse tipo. Então, mas então? Estaria o tubo de escape a fumegar excessivamente? Torceu-se no assento, o que viu foi o motorista da carrinha à rectaguarda, de punho fechado e expressão facial não menos agressiva. Lembrou-se de ligar à mulher pelo telemóvel e perguntar se teria notado, na véspera, algum problema na condução. Desistiu. Não era boa altura. Ao fim da tarde, no regresso de ambos à casa comum, tudo seria paz e compreensão. Agora estaria ainda fula e convém evitar conversas com pessoas fulas. No final do dia, talvez ela ainda soltasse um brando queixume mas não tardariam a rirse. Como de costume. O problema de hoje deveu-se a ele ter deixado o carro na oficina, para a revisão, e não podia passar sem o transporte individual, tantas eram as voltas que teria de dar. Então, decidira: “Querida, vou levar o teu carro.” Ideia mal recebida: “Ai isso é que não levas” – ripostou a senhora, e explicou: “Depois de sair do escritório, e bem longe fica, tenho de ir a casa da minha mãe, que fez uma tachada se arroz doce para nós, e depois visitar a avó Luciana que está com a gripe.” Discutiram. O mal das discussões é a tendência para azedarem. Homem esclarecido, ele calou-se, entrou no carro e apoderou-se da chave de ignição. Mas não se precipitou: espera, esquecia-me do carregador do telemóvel, não tarda a ser necessário, o visor mostra só um risquinho. E a papelada que teria de entregar. Levaria alguns minutos a juntar os papéis dispersos, a desarrumação dele não tinha emenda. Boa ideia, pensou, foi ter sacado a chave de ignição. Flávia continuava junto do carro, estática e teimosa, Gilberto não resistiu a sorrir, monologando: “Assim não vai a lado nenhum” . Desceu. Fingiu não reparar na cara de pau da mulher e adoçou a voz: “Até logo, amorzinho”. Sem resposta. Paciência. Ao fim da tarde tudo voltaria à normalidade. Sobrepondo-se agora à ofensiva das buzinas, ouviu a sirene de um carro da Polícia. E junto à janela, outro polícia, de mota, mirava-o, carrancudo. Detiveram o trânsito na faixa direita e, com gestos imperativos, encaminharam-no para a berma. Obedeceu, que remédio. Exigiram documentos – “não tenho aqui o registo de propriedade, é o carro da minha mulher”, balbuciou – e ouviu a ordem para sair. Saiu, desorientado. O mais corpulento dos guardas colocou-lhe uma manápula no pescoço e conduziuo à traseira do veículo. Sofreu, então, o choque do absurdo. Preso com fita-cola, voltas e voltas de fita-cola, um cartão à largura do porta-bagagem acusava: ATENÇÃO, ESTE CARRO FOI ROUBADO. Meteram-no no transporte da Polícia, um agente tomou lugar ao volante da viatura denunciada. Seguiram em cortejo para a esquadra. Nova e não menor surpresa: Flávia, em carne e osso, ali estava, risonha, muito solta, à conversa com o chefe. Já apresentara a documentação, dela própria e do carro sua pertença. E ria-se, ria-se muito, ao identificar o querido esposo, explicando em todo o redor que ele teria sido vítima de uma partida dos amigos, uns pândegos, uns brincalhões. Toda a esquadra se tornou riso. Ainda assarapantado, o detido cravou nos olhos da mulher um olhar de fúria. Por mais que tentasse, não conseguia sequer o esboço de um sorriso. Enfim, talvez logo, ao fim da tarde. ■ O
J acinto fez-se forte e gesticulou um adeus mas Elvira não conseguiu reter o choro. Lá se iam, no carro de um neto, os ve lhos Tomás e Rosário. Assim emagrecia a aldeia para três habitantes, com Elvira e Jacinto resistirá só o Sebastião Silas, para amarga ironia o menos amigável da povoação que se ia despovoando. Também ele veio à porta para assistir à abalada mas nenhuma emoção se lia naquele rosto magro e duro. – E agora, Jacinto? Aqui ficamos os dois, sozinhos, olhando as casas vazias onde morava gente de estima. Primeiro foram saindo os mais moços, depois os nossos companheiros desde crianças. Uns porque morreram, outros porque se foram para as cidades, deixando a aldeia às portas da morte. Restamos nós. Sentado na cadeira encostada à lareira, o homem enrolava um mínimo de tabaco na mortalha de papel. Tentou animar. – Ainda temos cá o Sebastião, sempre é uma vizinhança. – Esse? – reagiu a mulher – Nem nos fala. No dia em que se lhe meteu na cabeça que as nossas galinhas foram depenicar nas favas dele, só lhe ouvimos os berros e emudeceu. Nem bom dia, nem boa tarde. Nunca mais. Jacinto mexeu as brasas com o canudo de ferro que servia para as soprar e disse: – Um dia passa-lhe. – Passa-lhe? Como, Jacinto? Pois se é mesmo o feitio dele, sempre embezerrado, até quando a aldeia era uma festa de gente raro se atardava numa conversa. Só estará contente quando marcha sozinho para a caça, atroa os ares de tiros e uma vez – há quanto tempo isso foi! – até nos veio trazer uma lebre. Muito me admirou. – E eu – deves também lembrarte – levei-lhe o queijo grande que a nossa Luisinha trouxe quando veio ver-nos. Também podes dizer: há quanto tempo isso foi! – Vou ligar a televisão – disse Elvira. – Para quê? Desde que mudaram o sistema, ou lá como isso se chama, fizeram-nos gastar um di nheirão e ficou pior que dantes. É o progresso. Eles é que sabem. O cigarro ardeu mais de metade à primeira fumaça, mas Jacinto manteve-o entre os dedos calosos. – Acho que já podias dar-me a sopa. – Hoje fiz canja. Tive pena de matar o galo, guardei-o para um almoço de despedida da Rosário e do Tomás. Mas o neto tinha pressa. – Vê as coisas pelo lado bom: deixaram o galo. Entreolharam-se ao ouvirem o súbito roncar de um motor. Coisa espantosa, alguém chegou. Esprei - taram e viram dois estranhos a descer de uma moto. – Devem ter-se perdido – calculou Jacinto. – Ou serão parentes do Se - bastião? – alvitrou Rosário. Saíram à rua a ver em que poderiam ser úteis. – Bom dia – saudou Jacinto – Quem procuram? – O senhor mesmo – disse um. – Somos da Inspecção Sanitária – afirmou o outro. – Inspecção quê? – Sanitária. Temos de ver os canos. – Canos? – riu-se Rosário – Não temos água de canos em casa. Foram entrando. Jacinto estra - nhou que fechassem a porta mas não tardou a perceber: tinha a ponta de uma faca a bailar-lhe no pescoço. – Ouro. Ouro e dinheiro. Tudo e já! – ordenou o mais falador dos assaltantes. Rosário gritou e o outro homem esmurrou-a fazendo-a tombar. – Malvado! – enfureceu-se Jacinto e logo travou a lâmina numa ameaça de morte imediata. Foi então que os quatro se sobressaltaram com o estrondo da porta aberta a pontapé. Na moldura das ombreiras desenhou-se a figura de Sebastião, tenso, de espingarda apontada. – O que se passa aqui? – perguntou em voz, meio doce. A resposta traduziu-se no pânico dos assaltantes, balbuciando súplicas de perdão e correndo como lebres a caminho da moto. Sebastião fez pontaria. Na casa, Jacinto e Rosário abraçavam-se quando ouviram dois tiros. – Deus do céu – murmurou a mulher. Sebastião reentrou na casa e Jacinto, trémulo, não resistiu a perguntar: – Matou-os? O outro riu-se. Há muito, talvez nunca, o tinham visto tão risonho. Depois disse: – Não matei ninguém. Só lhes rebentei os pneus da moto. E agora aí vão eles esgalgados cerro acima, muito terão de dar às pernas por esses matos. Lá se riram os três. – E o amigo Sebastião, que nos salvou desses demónios, não aceita almoçar com a gente? – convidou Rosário. – Olhe que não me cairá mal. E o que é o almoço? – Canja de galo – informou Jacinto. – Seguida de galo. Tostadinho no forno – acrescentou a mulher. – Olha que banquete! – aplaudiu Sebastião. Depois de meditar em silêncio prolongado, o dono da casa disse: – Aqueles canalhas, até o galo nos iam levar. ■ Um galo e dois tiros
Boa surpresa foi ver desocupado de carros os quatro metros de rua mesmo à porta do Café-Bar Sesinando. E de uma própria e antiga residência, terceiro andar, no prédio do estabelecimento. Tentou lembrar-se se alguma vez tinha encontrado livre e convidativo aquele pedaço de chão. Nunca, durante o ano e quatro meses que morara ali. Só por este bom começo de dia já tinha valido a pena. O senhor Sesinando abriu os braços e um sorriso espantado quando o viu entrar: – Olha quem! Há quanto tempo, meu amigo, há quanto tempo não tenho o gosto de lhe pôr a vista em cima. Abraçaram-se. – O que vai ser? – Um café. – Só o café? Vai permitir que lhe ofereça um licor de poejo, este ainda não conhece. – Vá lá. Mas uma gota. Sesinando ardia em curiosidade mas travava a língua no receio de ser indiscreto. Por fim, considerou que não seria abusivo informar: – A doutora Helena é que vejo todos os dias. Galão, pastel da nossa terra e o café. – Como sempre – disse João Eduardo. – Deve estar aí a aparecer, - Fixou um olhar de inspecção na porta que tinha na frente e suspendeu a interrogação que lhe assomou à boca: vocês falam-se? Teve resposta quando a cliente surgiu na moldura da porta, olhou, pareceu ter respirado fundo e foi sentar-se diante de João Eduardo. – Bom dia, disse. – Olá, Helena, como estás? – Muito bem, João. E tu? – Tenho-me adaptado. – Adaptado? – Ao princípio custou-me a adaptação a uma zona da cidade que me era estranha. E tive saudades, confesso. Helena demorou uns segundos, a meditar como devia entender. Por fim, quis saber: – Saudades de quê, de quem, João? – Desta rua, do bar, do senhor Sesinando, do quiosque dos jornais, um tipo habitua-se e depois sente a falta. Tu, Helena, não sofreste essa sensação de perda. – Não perdi, de facto, nada do que dizes. O que estranhei foi teres levado tanto tempo para fazeres o que vieste fazer hoje: levar o resto dos teus pertences. Livros, discos, a gabardina, dois pares de sapatos pretos… nem sei que mais. – Quanto a livros e discos, comprámo-los juntos, escolhe tu, Helena, os que te agradarem mais. Podem ser todos. É verdade, tínhamos aceitado este encontro para acertar trocas e baldrocas – ignoro se notaste que, misturado com as minhas camisas, levei um vestido teu. O amarelo, cintado, curto, descobria-te as pernas até ao meio das coxas. – E daí? Incomodava-te a visão das minhas pernas? – Disparate. Só podia incomodar-me não ver a metade de cima. – Deixa-te de lérias. Bem te ouvi que o vestido era indecente e atraía demasiadas atenções. Ciumeiras parvas, João. – Não foram os meus ciúmes que nos separaram, mas sim os teus. A tua bela carinha torcia-se de desconfiança quando eu saía à noite para me encontrar com um amigo. E, de súbito, o estrondo. Eu nem podia conceber mas foste bisbilhotar no meu telemóvel e endoideceste ao ler um sms: “Nove e meia na minha casa. Espero-te. Maria Graça”. Não me disseste uma palavra, acredito que pelo pudor de confessares a feia atitude de me policiares o telemóvel. A partir daí, a nossa casa gelou. Espantado, o que passei a receber de ti foram má cara e palavras secas. Quando pedi explicações o que ouvi foi que estavas farta de mim. E insultos. Então, é verdade, irritei-me e contrataquei furioso. – Foi horrível. Não podíamos continuar juntos. – Sim, dissemos horrores. Eu e tu. Hoje vim cá porque assim tí - nhamos combinado, mas pouco ou nada me interessam os livros, os discos, acho que pertencem à casa. Bem entendido, julgo que vou levar os meus sapatos pretos. – Calou-se mas, ante o silêncio de Helena, acrescentou: - A não ser que tenhas namorado e tão sortudo que até calça o mesmo número que eu. Finalmente, ela riu-se. – Não tenho namorado, João Eduardo. E tu? Com quem vives? – Sozinho com os meus pensamentos. Esperavas o quê? Uma Maria da Graça? Olha, menina: só depois de sair, irado, confesso, me lembrei que tinhas gritado um nome sem eu entender. Mais tarde, passando em revista os sms, percebi tudo. Estive a ponto de voltar atrás para fazer luz na tua cabeci - nha. Mas já nos tínhamos insultado a um ponto indesculpável. E lá se foi. Helena passa as mãos pelo cabelo, parece ir falar mas logo volta a um silêncio de embaraço. – Não compreendo o que dizes, João, só sei que me atiraste palavras demasiado cruéis. Sim, também me culpo, perdi a cabeça. E agora dizes que depois de saíres fulo, alucinado, pensaste em voltar? Pela primeira vez nessa hora de reencontro, João Eduardo segurou as mãos de Helena. – Quando percebi, quis que percebesses. Bastava mostrar-te o sms que te tinha desvairado e ligar para o número de onde provinha. Saberias, então, que a Maria da Graça inventada pela tua mente desconfiada era um equívoco. O M. Graça, da assinatura era, tão simplesmente, o Miranda Graça, um amigo de infância. Ele quis reunir, num jantar, companheiros de juventude, desencontrados há muitos anos. Vou chamá-lo. Agora. – Não, por favor, desculpa. Podias ter esclarecido logo, evitavase a zanga insanável. – Insanável, Helena? – Tu não achas? – Acho que não vou levar os sapatos, devolvo-te o vestido indecente e, se estiveres de acordo, subimos para a nossa casa. – Queres mesmo, João? – Não vim cá para outra coisa. ■ Ida e volta /

domingo, 17 de janeiro de 2016

Vê as 10 profecias de Nostradamus para o ano de 2016:

1ª Terceira Guerra Mundial

Segundo Nostradumus, a terceira guerra mundial irá começar em 2016 e terá a duração de 27 anos. Duas grandes nações se levantarão uma contra a outra e iniciarão uma série de conflitos; inclusive um conflito nuclear será registrado. Coincidentemente, o francês afirma que um cometa passará na órbita da terra no mesmo período.

2ª Erupção do vulcão Vesúvio

O vulcão que fica localizado no golfo de Nápoles na Itália entrará em erupção e gerará uma série de terremotos a cada cinco minutos. O acontecimento irá ocasionar uma grande tragédia. Segundo a profecia, de 6 a 16 mil pessoas perderão a vida.

3ª Grande terremoto nos Estados Unidos

Um terremoto devastará a parte ocidental dos Estados Unidos e abalará a maior economia do mundo. O abalo será tão forte que poderá ser sentido em países vizinhos.

4ª Permissão para paternidade

O ser humano terá que obter licenças governamentais para poder gerar filhos. Licenças e permissões terão que ser requisitadas caso um casal deseje ter filhos.

5ª Colapso económico mundial

Uma grande crise económica sem precedentes abalará as grandes nações e consequentemente se estenderá aos países emergentes.

6ª Fim da cobrança de impostos

Uma nação do mundo deixará de cobrar impostos. Uma política inédita e igualitária surpreenderá o mundo.

7ª Radiação Solar destruirá o meio ambiente

Uma intensa radiação solar provocará queimadas em florestas e destruirá uma parte considerável da flora e fauna mundial.

8ª Expectativa de vida de 200 anos

Os avanços da medicina chegarão a tal ponto que o ser humano poderá viver até 200 anos. Nas previsões, pessoas de 80 anos terão a mesma disposição de uma de 50 anos.

9ª Comunicação de animais com seres humanos

Um método de comunicação de seres humanos com animais será desenvolvido. O homem poderá se comunicar perfeitamente com seu animal de estimação.

10ª Fim da barreira de idiomas

Segundo Nostradamus, os avanços tecnológicos farão com que todos os povos de todas as nações se comuniquem sem precisar aprender o inglês, apenas com um dispositivo tradutor automático, tecnologia comparada a de um aplicativo.