domingo, 27 de janeiro de 2019

A velhice
Francisco – Vou contar como é chato ver a velhice chegar!
É a vista a turvar, são as pernas a tremer e passamos o tempo a dizer hã? Porque já não conseguimos perceber…
Vem os bicos de papagaio, as artroses e o reumático, vem um sem número de coisas, mais outras tantas que se vão…
Isto de ser velho é uma chatice, e o pior não tem solução!
Agora andam aí uns profetas a pregar a velhice…coitados querem ser novos… mas quem viveu já não vive!
Madalena – Íamos cantar nesta freguesia
Francisco – Olha estas senhoras devem ser daquelas que andam nas Universidades Seniores!
Conceição – O senhor devia cantar connosco!
Francisco- Pois sim, está bem está! E as minhas cruzes?
Dulce – Nunca ouviu dizer que quem canta seus males espanta.
Francisco – Então e o que faço para espantar os diabetes?
Eva –Cante connosco.
Francisco – Sim, sim vá esperando sentada… não me faltava mais nada.
Todos – Se isso te dá prazer…
 Francisco – Quem não tem juízo são as senhoras… isso lá é musica para a vossa idade?
Conceição – O sr. Devia ir para a universidade sénior!
Francisco – Pois …e levantar-me cedo e cumprir horários…era só o que me faltava!
Alcina – Para alegrar o meu dia
Francisco Olha, lá vem mais estes! - Não me digam que também fazem parte do grupo dos cotas modernos! Ya meu, como vai a cena!
Alcina – novamente jovens
Francisco – Pois, pois e também já não sentem as dores, nem vão ao médico! Já sei! Só anedotas! ( riso irónico )
---- Sei que não vou por aí!
Francisco – Deixem-se de tretas! Com esta idade já não deviam andar nessas andanças. Vistam o pijama, calcem os chinelos e fiquem mas é em casa.
Alcina – vá por nós bom homem!
Francisco – pois vou… e é já amanhã… vão mas é à vossa vida.
Joaquina – porque se dança nem me dói a cabeça
Francisco – É só milagres! Daqui a nada dizem que a receita para envelhecer de forma saudável é ir para a Universidade sénior…
Joaquina – Para privar para crer
Francisco – Por favor! Não se ponham a dançar…cada vez que vejo alguém dançar começa-me logo o reumático.
(Dançam “ Põe a mão na cabecinha” )
Francisco – Isto cada vez está melhor!!!
Joaquina – Vá a cima, vá a baixo
Francisco – Mas eu sou algum robô? Vão mas é para a Universidade!
Dionísio – E a vida é só uma
Francisco – Agora até dizem rambóia! Daqui a nada estão a dizer bué e fixe e bacano e sei lá mais o quê! Onde é que vamos parar?
Dionísio – Ser velho é coisa boa
Francisco – Ter dores de manhã à noite é bué de fixe. É mega bacano, é do caraças!  Vocês estão bem, ou isso é demência?
Gordurosa! Ranhosa!
Francisco – Agora até representam! Valha-me Deus!
Dionísio – O teatro é a vida no palco… é a vida na vida.
Francisco – Vão-se embora que eu já estou fartinho de ouvir tanto disparate.
27-01-2019 copiado por francisco parreira.

sábado, 19 de janeiro de 2019

Pensar
Estou a pensar que o tempo não para 
Estou a pensar que o tempo é passado
Estou a pensar que o tempo é o presente
Estou a pensar que o tempo é futuro
Estou a pensar que no passado não se pode mexer
Estou a pensar que o presente é para viver no hoje
Estou a pensar que o futuro está no amanhã
Estou a pensar nos longos anos que já vivi
Estou a pensar nos caminhos que percorri 
Estou a pensar na minha mala de viagem e nas coisas boas e más que carrego passo a passo
Estou a pensar nos sonhos que sonhei
Estou a pensar nos pesadelos que vivi
Estou a pensar nos momentos que confraternizei
Estou a pensar nas lágrimas  que chorei e naquelas que não chorei
Estou a pensar no caminho que escolhi
Estou a pensar que a Uscarm é o meu refugio
Estou a pensar no que dei e recebi
Estou a pensar no oxigénio que respiro
Estou a pensar que quanto mais dou mais recebo
Estou a pensar que na Uscarm me valorizo como ser humano
Estou a pensar  que o meu lema é fazer mais do que dizer
Estou a pensar que darei sempre o meu melhor superando as minhas limitações
Estou a pensar que caminharei de mãos dadas com a Dr. Marisa Dias Pereira
Estou a pensar que o ano 2018 foi um ano de dificuldades e conquistas
Estou a pensar que somos únicos,criativos e originais
Estou a pensar que também temos os nossos defeitos
Estou a pensar no nosso presidente Bruno Alexandre Nobre Parreira que sempre nos tem acompanhado
Estou a pensar que o ano 2019 será vivido intensamente
Estou a pensar que na Uscarm quero continuar
E feliz serei sem hesitar.

04/01/2019            Laurette Urbano  

sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

A criança do arco
Na década de cinquenta, do século vinte, aquela criança perspicaz alegre e humilde, seguindo a linhagem de família, vivendo no campo, rodeada de amigos para brincarem e brincavam com tudo, porque tudo ou quase tudo, podia ser usado, nas brincadeiras, desde que houvesse engenho e arte, qualidades que não faltavam àquele grupo.
Uma daquelas crianças tinha um sonho, não para ser diferente, mas desejava ter o que nenhum tinha, um arco e uma gancheta.
Perto havia uma serralharia mista de ferro e madeira, onde trabalhavam dois senhores, o José mestre nos trabalhos em madeira e o Gervásio o dono e mestre na moldagem do ferro.
A criança, zingarelho, como eles lhe chamavam, passava por lá diariamente, quando ia para a escola ou quando vinha e muitos dias mais de uma vez, sempre que via um aro, um pneu, ou um objecto circular, lá estava ela a simular um arco.
Eles apercebendo-se do desejo que aquela criança tinha em ter um arco, um dia em que havia menos que fazer, ou menos urgência em acabar algum trabalho, tinham a forja a trabalhar, perguntaram-lhe se ela queria um arco, ela nem cabia em si de radiante e disse que sim, já não saiu sem lhe fazerem o arco e a gancheta.
 Aquela criança rejubilava ao ver aqueles bocados de ferro tomarem formas, o primeiro foi o arco, que depois de estar moldado em forma de arco, foi à forja de onde saiu com as pontas a juntar em brasa, para serem batidos sobre a bigorna até estarem fundidas e coladas, enquanto o arco arrefecia na água, foi moldada a gancheta e feito de um bocado de madeira o cabo.
Dizia a criança depois de ter o arco e a gancheta, que aquela tinha sido a melhor prenda que recebera e que tinha sido o dia mais feliz da sua vida, que pelos vistos ainda era curta.
A criança ficou tão feliz com aquele brinquedo que não cabia em si de contentamento, que quase não conseguia falar e dizer o que era aquilo e quem lho tinha dado, assustando assim seus familiares.
Daquele dia em diante, aquela criança era inseparável do seu arco e gancheta, fosse para onde fosse, escola, fazer mandados ou brincar, fazia-se acompanhar daquele valioso brinquedo. O que aquela criança vibrava ao ouvir o som da gancheta a roçar no arco, aquela fricção de ferro com ferro para ela era uma música maravilhosa. Com aquele arco ela fazia-o rodopiar, fazia-o ir para a frente e para trás, percorria quilómetros e quilómetros por estradas, caminhos, veredas, carreiros, trilhos ou mesmo regos.
Um dia quando fazia com o arco uma corrida, numa descida em estrada de macadame, ladeada por um matagal compacto composto de carrasqueiros, sargaços, daroeiras, tojos e silvas, o arco bateu numa pedra solta, deu um salto tão alto e longo indo cair no matagal. Por mais que ela sozinha ou acompanhada dos seus amigos o procurassem, várias vezes durante alguns dias, não mais o conseguiram encontrar.
O brinquedo que mais alegria tinha dado aquela criança, foi o mesmo que lhe causou o maior desgosto, que só com a camaradagem do grupo conseguiu superar.

17-01-19 – Francisco Parreira.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2019


São Cipriano e Santa Justina
Na Antioquia – Síria – Arábia,
Em rica família pagã,
São Cipriano nasceu,
Nas ciências consideradas ocultas,
Adivinhação, astrologia, alquimia,
Magia e feitiçaria aprendeu,
Para conhecimentos melhorar,
Começou pelo mundo a viajar,
Egipto, Grécia e outros países percorreu,
Na Babilónia aos trinta anos de idade,
Com os caldeus aprendia cultura ocultista,
E sua língua o caldeu.
Justina rica donzela,
Na Antióquia vivia,
Com seus pais Edeso e Cledónia,
Naquele mundo pagão,
Assim foi educada seguindo a tradição,
Do cristão diácono Prelo,
Escutava a pregação,
Ao cristianismo convertida,
A vida dedicou à oração,
Preservou a virgindade,
Também seus pais abraçaram,
Tudo o que era cristão.

Agledo por Justina apaixonado,
Seus pais bons cristãos,
Concederam-na para esposa,
Daquele jovem abastado,
Ela não aceitou,
Agledo a Cipriano recorreu,
Para feitiço ser praticado,
Na esperança da linda donzela,
Sua fé cristã abandonar,
E ser matrimónio realizado,
Feitiços praticados,
Demónios invocados,
Nulo foi o resultado,
Nada aconteceu,
No sinal da cruz e orações,
Justina se protegeu.
Cipriano inconformado,
Com tanta ineficácia,
Contra demónios revoltado,
Seus livros rasgou,
Pelo amigo Eusébio influenciado,
O cristianismo abraçou.
O imperador Diocleciano,
Destes feitos informado,
Foram eles perseguidos e presos,
Forçados a negar a fé cristã,
Ele com pentes de ferro açoitado,                                                               
Ela chicoteada,
Como nada os demovia,
Numa caldeira foram lançados,
Onde a banha fervia,
Nada lhes aconteceu,
Diocleciano ordenou sua morte,
No ano 304 a 26 de Setembro,
O martírio decapitação ocorreu,
Na margem do rio galo/Nicomédia,
Corpos seis dias expostos,
Por cristãos recolhidos,
Para Roma os levaram,
Ao cuidado de Rufina os deixaram,
No império Constantino
Seus restos mortais para,
Basílica de São João de Latrão os enviaram.

A São Cipriano é atribuída autoria,
Do grimório “ livro de São Cipriano “,
Que só apareceu à luz do dia,
Séculos depois da sua morte,
Um livro pseudepigráfico,
Ou seja de desconhecida autoria.

Francisco Parreira 08-01-2019.

sábado, 5 de janeiro de 2019

A pica que a pica dá
Quando fui tirar sangue,
Disseram-me que era um pica,
Algo me despertou a pica,
Para escrever sobre a pica.
Pica são tantas coisas,
De todas não falarei,
Porque aquelas obscenas,
Essas eu ignorarei.
Pica apetite patológico,
Diversificar a alimentação,
Comendo não comestíveis,
Como barro ou carvão.
Pica um pássaro familiar,
Muito comum em Portugal,
Riscados, brancos ou pretos,
De uma esperteza sem igual.
Pica sua origem o latim,
No meio eclesiástico,
Uma listagem de regulamentos,
Assim ordenados é mais prático.
Pica unidade de medida,
Para o tipográfico material,
Com suas equivalências,
Numa escala normal.


Pica uma injecção,
Deve ser dada com carinho,
Em qualquer paciente,
Dói sempre um pouquinho.
Pica náutica uma peça,
Para uma embarcação,
Na proa ou na popa,
Faz parte da sua construção.
Pica uma ferramenta,
Com aquele pica,
Andam na pica do milho,
E nada fica sem pica.
Pica arma ofensiva,
Usada na caça e defesa,
Para caçar com ela,
É preciso ligeireza.
Pica pode ser aquele “charro”
Fumado em parceria,
Que nos deixa com uma pica,
Que nos dá grande alegria.
Pica camisola de lã,
Pica de água salgada peixe-rei,
Pica de água doce robalinho,
Picas quantos mais há não sei.
05-01- 2019 _ Francisco Parreira.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

Depenadas
Prós lados de Portimão,
Aquelas migratórias aves,
Não vislumbraram cereais,
Os alimentos preferidos,
Das lindas aves reais,
Com os neurónios invertidos,
Cegas e de asas tortas,
Sempre o alvo a errar,
Sofrendo em tempo tolo,
Ela teimou em não entrar,
Para que se gritasse golo,
Acabaram por marcar,
No seu próprio guardião,
Não foi um, foram dois,
Dando grande trambolhão,
Até já era esperada,
Esta enorme desilusão,
Não aceitando ser derrotada,
Às bancadas deitaram fogo,
As águias assim depenadas,
Aguardam por novo jogo.
03-01-2019 _ Francisco Parreira
Desilusão
Naquele dia azarado,
Prós lados de Portimão,
Aquelas necrófagas aves,
Não vislumbraram mortos animais,
Os alimentos preferidos,
Daqueles abrutes reais,
Com os neurónios invertidos,
Cegos e de pés tortos,
Sempre o alvo errou,
Sofrendo em tempo tolo,
Ela teimou não entrou,
Para que se gritasse golo.
Finalmente ela entrou,
No seu próprio guardião
Acabaram por marcar,
Dando um grande trambolhão,
Até já era esperada,
Esta enorme desilusão,
Não aceitando a derrota,
As águias assim depenadas,
Às bancadas atearam fogo,
Regressaram a Lisboa
Aguardando novo jogo.
03-01-2019 _ Francisco Parreira.
Caixa mágica
Da televisão não sou fã,
Há sempre uma excepção
Vi um belíssimo  programa,
Que me prendeu a atenção,
Anunciaram o circo,
Espectáculo que admiro,
Ver o “ Cirque Du Soleil “,
Foi agradável, foi giro,
Vi circo de qualidade,
Como há muito não via,
No ar ou na pista,
Um circo dois em um,
Daqueles de regalar a vista,
Fosse qual fosse o exercício,
Na musica sincronizado,
Executados na perfeição,
Estive tão agradado,
Desta vez não refilei,
Da interrupção publicitária,
Valeu a pena, gostei.
02 -  0 1 - 2019 -  Francisco Parreira.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

_ O nosso duo_
Ó! Estás aqui trigueirinha,
Muito gosto em te encontrar,
Tempo há não te via,
Para contigo despicar.
Para contigo despicar,
Eu os olhos bem abri,
Para me não rasteirares,
Em frente dos amigos da ARPI.
Em frente dos amigos da ARPI,
Quero contigo rimar,
Agora assim, lado a lado,
Podemos então começar.
Podemos então começar,
Sem que nada fique esquecido,
Como tu sempre esqueces
Quando te chamo querido.
Quando te chamo querida,
Assim em verso ou a cantar,
Eu prometo não esquecer,
Para contigo continuar.
Para contigo continuar,
Depois de tanta moinice,
Quero tudo explicadinho,
Sem rodeios nem trapalhice.
Sem rodeios nem trapalhice,
É assim dessa maneira,
Que estou aqui encantado,
Fiel companheira,
Fiel companheira,
Que te ocupa todo o tempo,
Em trabalho e brincadeira,
Sem te roubar o talento.
Sem te roubar o talento,
Contigo estou a versar,
Sem desvios nem mentiras,
Fazemos um lindo par.
Fazemos um lindo par,
Sem fofocas nem falatório,
Lembras-te? Assim desta maneira,
Fomos juntos ao cartório.
Fomos juntos ao cartório,
Tratar dos papelinhos,
 Tão satisfeitos estávamos,
Saímos agarradinhos.
Saímos agarradinhos,
Éramos dois, cinco agora
Venha de lá esse abraço,
Vamo-nos daqui para fora.
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03 – 01- 2019 – Francisco Parreira.

terça-feira, 1 de janeiro de 2019

C i r c o  d a  v i d a
Mais um ano passado,
Certo menos um de vida,
Como não sou masoquista,
Continuarei na minha lida.
Vida a que estou destinado,
Nem desato nem ato,
Vivendo o dia-a-dia,
Com caminhar pacato.
Umas vezes sozinho,
Outras acompanhado,
Pelos amigos leais,
Que acorrem ao meu chamado.
Serão poucos, serão muitos,
Não importa a qualidade,
Contam sim as acções,
Muito prezo a amizade.
Vivo assim desta maneira,
Esquecendo o passado,
Vivendo o presente,
Ignorando o futurado.
01-01-2019_Francisco Parreira