sexta-feira, 26 de abril de 2024

texto de Marisa Pereira

 50 anos de Liberdade

Daquela madrugada que Sophia esperava... e que os capitães de Abril nos deram...
50 anos de um país que soube fazer uma revolução sem armas...
50 anos de cravos na espingarda... que viraram símbolo de um dia feliz...
50 anos de lutas e avanços...
50 anos para se falar, pensar, agir livremente...
50 anos de Portugal Livre..
Que seja Abril, sempre!
Nasci filha da liberdade ...
Nasci livre...
Como um pássaro sem gaiola...
Sempre vivi com ela...
Nem sei se saberia viver de outra maneira.
Daqueles tempos não tenho memória...
Mas a História... ficará sempre.
Do que estudei... do que ouvi...
Ficará a certeza que aquele dia mudou para sempre o rumo do meu país.
Deste país que amo...
Que me permitiu ser criança, adolescente e me deixa ser mulher livre...
Que todos os dias possamos trazer às nossas acções a luta por um país livre... sem amarras...
Que nada nem ninguém consiga voltar atrás...
Que o caminho seja sempre em frente e em liberdade...
O Abril de um povo... que unido jamais será vencido..

quarta-feira, 24 de abril de 2024

 Aquele abril 

Aquele abril de 1974- 25,

Á quinta-feira calhou,

Após na rádio a canção do sinal,

Ninguém mais parou,

Aqueles audazes militares,

Com destinos concretos,

Em todas as direções,

Ocuparam os lugares certos,

Tomaram certas as posições,

Do trono apearam a PIDE,

Abriram as portas às prisões,

Libertaram presos políticos,

Torturados noite e dia,

Foram momentos únicos,

Horas de tanta alegria.

Os audazes e destemidos

Militares em ação,

Com saber e arte,

Fizeram a revolução.

Uma revolução de cravos,

Vermelhos, nas ruas, lapelas

E canos das espingardas,

Eram imagens tão belas. 

Ver o povo assim alegre,

Fazer uníssona ovação,

Aos valentes militares,

Envolvidos na revolução.

Em liberdade gritavam,

O povo é quem mais ordena,

Dentro de to ó cidade,

Grândola vila morena.

O povo sem medo bradava,

Fascistas para a prisão,

Viva o MFA,

Que libertou a Nação. 

Rio de Mouro 27-03-2024

Francisco Parreira.

 ABRIL DE SIM ABRIL DE NÃO


Eu vi abril por fora e abril por dentro

Vi o abrril que foi e o abril de agora

Eu vi o abril em festa e abril lamento

Abril com quem ri como quem chora.


Eu vi chorar abril e abril partir 

Vi o abril de sim e abril de não

Abril que já nõ é abril por vir.


Vi o abril que ganha e abril que perde

Abril que foi abril e o que não foi

Eu vi abril de ser e de não ser.


Abril de abril vestido (Abril tão verde)

Abril de abril despido (abril que doi)

abeil já feito. E abril por fazer.


poema de Manuel Alegre

Rio de Mouro 24-04-2024

Francisco Parreira, lido hoje na USCARM. 

segunda-feira, 15 de abril de 2024

 

Truca-truca…
O poema "Truca-truca" foi escrito por Natália Correia em 1982.
Durante o primeiro debate parlamentar sobre a interrupção voluntária da gravidez João Morgado, deputado do CDS, afirmou que “o acto sexual é para fazer filhos”.
Inspirada pelas declarações do deputado, Natália Correia, que lutava pela despenalização do aborto, escreveu o seguinte poema:
Truca-Truca
“Já que o coito – diz Morgado –
Tem como fim cristalino,
Preciso e imaculado
Fazer menina ou menino;
e cada vez que o varão
sexual petisco manduca,
temos na procriação
prova de que houve truca-truca.
Sendo pai de um só rebento, lógica é a conclusão
De que viril instrumento
só usou – parca ração! -
uma vez. E se a função
faz o órgão – diz o ditado –
consumada essa excepção,
ficou capado o Morgado.”
(In Diário de Lisboa, 5 de abril de 1982)

Imagem: Cópia do manuscrito do poema "Truca-Truca"

sábado, 6 de abril de 2024

 

Provérbios

 Quem cala consente,

Quem condiciona censura,

Camuflar caso da gémeas,

Quanto tempo ainda dura?

Quem não se sente,

Não é filho de boa gente,

Mas viver sem a verdade,

Não há povo que aguente.

Cada povo com seu igual,

Expondo à sua maneira,

Sendo mentira ou verdade,

Nesta democracia verdadeira.

Tal pai, tal filho,

Metidos nesta trapalhada,

Até alguma comunicação parece,

Também estar baralhada.

Se queres ser bom juiz,

Ouve o que cada um diz,

Cala sempre essa boca,

Não digas o que eu fiz.

Pelos frutos se conhece a árvore,

E a sua qualidade,

Às vezes com seus sinais,

Devido à sua idade. 

A justiça começa em casa,

Para resolver a ambição

Cria-se um pequeno caso,

Para desejada demissão.

O homem põe, Deus dispõe,

Tudo bem arrumadinho,

Nos lugares à sua maneira,

Os contras ficaram pelo caminho.

Muito juízo pouco siso,

Cada macaco em seu galho,

Resguardados da intempérie,

Fazendo o desejado trabalho.

Querer é poder,

Só a verdade doa a quem doer,

Quem foi o mandante daquele tratamento?

O povo quer saber. 

Rio de Mouro, 06-04-2024

Francisco Parreira