quinta-feira, 7 de dezembro de 2023

 USEM E ABUSEM DESTA RECEITA

Da série "O que é doce nunca amargou"
1 kg de farinha
250 grs de manteiga
4 ovos
Sumo de 4 laranjas
1 cálice de aguardente
Um pouco de água para amassar tudo, se for preciso juntar um pouco de farinha (eu nao uso fermento de padeiro, uso farinha com fermento)
Deixe levedar por cerca de 1 hora.
Estender a massa com rolo e depois é fritar e polvilhar com açúcar e canela.

segunda-feira, 4 de dezembro de 2023

 CONVERSAS INTIMAS

Costumo conversar com as paredes,
elas guardam memórias e segredos,
coisas minhas, sentimentos,
cofre, onde fecho os meus medos.
Falar com as paredes é loucura?
Em dias de solidão de desesperança,
da incerteza do amanhã, de clausura,
de horas olhando o vazio; vem a lembrança
daquela foto que, não sei como, desapareceu.
Não tendo a quem perguntar, fito a parede.
Ela ajuda, aviva a memória, retrocedeu
no passado, alguém a levou e ciosa, guardou
a imagem que lhe faltava no livro da vida.
As paredes sabem e ouvem tudo,
o choro, a tristeza a gargalhada
e até o amor, sublime, na madrugada.
Falo com elas, são conversas intimas,
é assim que relembro e que me iludo
que sempre tenho companhia,
enquanto escrevo umas breves rimas.
@alcina viegas

sexta-feira, 1 de dezembro de 2023

 A NAU À DERIVA

Passageiro desta nau à deriva,
não atinam com a rota,
velho é o homem do leme,
muito bem isso se nota,
demitida a guarnição,
tenebroso está o mar,
com assuatadora ondulação,
tudo está a gritar,
em mutua acusação,
gritam de nada e de tudo,
do feito mal ou bem,
ninguém quer ser culpado,
de muita coisa errada,
a nau está à deriva,
ptrcisa ser governada.

quinta-feira, 26 de outubro de 2023

 Texto de Marisa Pereirra

Escrevo-vos às 5h30

Desde pequena que a minha mãe me ensinou que é possível olhar para tudo na vida com positivismo ou negativismo...
E com o seu exemplo (acredito que é através do exemplo que aprendemos e motivamos) mais que me ensinar mostrou-me.
Nunca sofri por antecipação porque espero da vida sempre o melhor... Porque entre sofrer e depois não ser nada e o acreditar e hipoteticamente ser algo menos bom que tenho que resolver... Prefiro viver no bom do que no mau...
Não sei se sofremos menos, mas sei que temos mais serenidade.
Ser positivo pode até transformar o mau em bom... Outra coisa que acredito todo o mal tem um bem...
Não sou das pessoas que acreditam que isto aconteceu para mudar as pessoas e que era necessário... Não acredito... Porque o sofrimento que já causou jamais pode valer algum bem.
E não acredito porque acho que nada nos torna melhores pessoas se não quisermos.
Uma vez alguém me disse que o sofrimento muda as pessoas para melhor... Infelizmente já tive provas de que não é bem assim.
Ninguém é só bom ou só mau... Mas é possível escolher o que queremos ser...
As pessoas são como são, cada uma na sua individualidade enriquece o outro, nunca seremos nada sozinhos.
Acredito no hoje, porque uma lição que tudo isto me deu é que não existe dia mais importante que o hoje... O presente é tudo o que temos... E nós vivíamos no futuro....
Sempre acreditei que mais importante que ter é ser... Hoje tenho a certeza...
Que o amor nos una, nos agregue, nos salve.
Porque no início e no fim de tudo tem que estar ele... O amor.

quarta-feira, 11 de outubro de 2023

 

De Natália Correia

Poema Truca-Truca

Já que o coito - diz Morgado –

Tem como fim cristalino,

Preciso e imaculado

Fazer menino ou menina;

E cada vez que o varão

Sexual petisco manduca,

Temos na procriação

Prova de que houve truca-truca.

Sendo pai só de um rebento,

Lógica é a conclusão

De que o viril instrumento

Só usou parca ração!-

Uma vez. E se a função

Faz o órgão – diz o ditado –

Consumada essa excepção,

Ficou capado o Morgado.

 

Rio de Mouro 11-10-2023 - FMBP

segunda-feira, 24 de julho de 2023

Texto de Marisa Pereira

 E assim chegou ao fim mais um ano lectivo...

Um ano particularmente desafiante e com perdas difíceis de ultrapassar...
Um ano em que apesar de tudo quisemos e fomos sempre... Com mais ou menos dor... Seguimos por amor e memória...
Um ano que nos deu ainda maior capacidade de agregação...
Um ano diferente, mas sempre vivido em união...
Começámos em Setembro e de repente chegámos a Maio...
9 meses passados muitas histórias foram escritas no livro dos Afectos... muitos momentos, muitos sorrisos com o olhar, algumas tristezas... tudo faz parte...
Ao longo do ano vivemos momentos altos, de uma riqueza tão grande que nos vão acompanhar para sempre...
Mas o mais importante são os testemunhos diários de superação, de encontro, de harmonia e de felicidade...
Tantos testemunhos... tantos...
Depois veio a colónia senior e o mês de praia... Aulas de tarde... Ensaios das marchas...
Depois as nossas férias... Que permitem ainda mais partilha e companhia.
E ao longo dos meses muitos convívios, passeios culturais, visitas a museus... muita vida vivida dentro e fora das nossas paredes.
Mas tudo isto só é possivel porque vocês nos escolheram e ao estarem connosco mostraram que é importante existirmos!
A todos os alunos um obrigada gigante... obrigada por nos escolherem e caminharem connosco.
A todos os professores obrigada pela dedicação e empenho para com os nossos alunos. Sem vocês era mais difícil!
Agradeço ao Luís pela ajuda diária quer na organização de viagens, quer pela amizade e dedicação para com a Universidade e os alunos.
Uma palavra à nossa Presidente da Junta (Raquel Amaral) por acreditar em nós e por nos permitir continuar a sonhar...
A todos que de uma forma ou de outra vivem a USCARM... obrigada, porque só quem nos vive verdadeiramente percebe o espírito do CRIAR AFECTOS...
Voltamos em Setembro

quinta-feira, 29 de junho de 2023

 Do mural de Alexandra Paixão

Partilho este post de Francisco Almeida, o seu testemunho factual de vida, que considerei digno de se ler. Eu sou mais velha do que ele, venho também de origens humildes, de gente que trabalhou arduamente a vida inteira para que nas suas famílias não se passasse fome nem privações materiais; pessoas que mereceriam mais respeito pelo exemplo que constituiram perante os seus descendentes do que o que receberam, e nem falo do Estado. Desde os anos sessenta que começara a emigração ´a salto` numa fuga compulsiva à miséria; a desertificação do nosso interior para os grandes centros urbanos chegou muito depois. Para que conste, isto (e ainda bastante pior do que isto) foi real para a grande maioria dos pais, avós e bisavós dos que hoje ainda vivem - e não me reporto aos salazarentos, que eu a esses desinfelizes nem cartão passo, e sim aos que olham para trás e se envergonham de onde vieram, tentando compensar essa ´inferioridade` sentida a ocultas com caganças ridículas na fachada social.
"Há coisas que nunca saberemos
Salazar e Marcelo caíram o poder não caiu na rua e o Salgueiro Maia não foi como o Yevgeny Prigozhin, o capitão de abril, chegou ao terreiro.
Embora na urbe, na selva de betão não se tenha notado substancial diferença no interior foi do dia para noite.
Não sabemos como estaríamos se a ditadura continuasse, temos palpites sobre qual seria o estado da nação se tivéssemos seguido a política do orgulhosamente sós ...
Mas isto tudo para dizer que, numa região já por si pobre e dotada de quase nenhuns recursos entregue ao latifúndio em que quase todos os homens haviam partido para a guerra e com os restantes a diferença para o que se fazia nas colónias era não haver sanzalas nem troncos notou-se a mudança no imediato e a longo prazo.
Nasci em liberdade mas assisti à mudança, não a imediata mas a que veio embrulhada no papel da liberdade.
Nasci no Alentejo profundo, numa aldeia da margem esquerda do Guadiana, sobretudo centrada numa economia agrícola, entre o trigo e o olival e uma pouca pecuária..
Não havia saneamento básico, logo as casas de banho eram coisa dos senhores abastados, o banho era numa bacia inicialmente e à medida que fui crescendo passou a ser um alguidar, as necessidades eram no penico quando não era possível era no quintal ou em barracas improvisadas para o efeito.
As ruas eram terra batida e não se sabia sequer o que era o luto rodoviário que o alcatrão nos trouxe, a rua principal era calçada irregular.
Passava-se fome na maioria das casas e tive a sorte de nascer no seio de uma família digamos remediada para a altura, basicamente havia sempre que comer.
Com regras e limitados à existência dos bens algumas vezes, muito pouco com recurso a fiado, mas sem dificuldades de maior.
A minha avó fazia pão e havia sempre um porco um borrego ou um chibo ou então uma galinha para comer ...
Mas a maioria das casas não tinha energia elétrica nos primeiros anos que tenho memória a conservação era basicamente a salgadeira e as carnes transformandas, principalmente o porco, o borrego e o chibo eram guardados para as festividades pois seriam consumidos por toda a família e num curto espaço de tempo, as galinhas essas eram ocasionalmente consumidas com regras para que houvesse possibilidade de comer todo o ano.
O peixe chegava à aldeia com vários dias de gelo e em caixas de madeira num carro de burro com várias centenas de moscas a segui-lo.
Sardinhas, carapaus e às vezes cação e a seguir à época das feiras o tradicional peixe seco.
O restante era gastronomia adaptada com o que estava disponível.
Lembro-me de o meu pai ter comprado um frigorífico que ainda esteve ali parado um ano até consegui ter eletricidade.
Fiz muito trabalho de casa e li muito livro à luz do candeeiro a petróleo ou da lamparina de azeite.
O meu primeiro iogurte comi com 10 aninhos e bananas era quando a minha mãe ia a Serpa que comprava na Ti Maria Do Pau uma loja que ficava junto à paragem da camioneta.
Dormi ainda muito tempo num colchão de palha e mais tarde de lã e por fim de esponja ...as molas vieram uns anos depois.
Comi muito peixe apanhado por mim, pássaros fritos que era eu que matava, pernas de rã, ouriços, tudo era alimento e uma ajuda em casa.
Os meus avós maternos lembro-me bem ainda tinham uma parte do chão da casa em terra batida com ocre vermelho, de resto imperava as baldosas de barro.
Muita coisa mudou para melhor.
Viveu-se muito mal no pós 25 de abril e eu imagino as dificuldades do pré 25 de abril.
Então veio o começo do êxodo e começaram a partir agora um depois outro um grupo e o destino era principalmente França no início e mais tarde Suiça e começou uma história de busca de uma vida melhor.
Aos poucos veio a eletricidade o saneamento básico os confortos mas foram-se as pessoas.
Vivemos melhor hoje é um facto, mas ficámos desprovidos de gentes que trocaram progressivamente estas terras por outras que lhes ofereceram uma melhor vida.
Hoje na maioria dos casos nasce-se aqui, vai-se lá para fora toda uma vida e vem-se morrer à terra, pois poucos são os que regressam em meia idade a maioria tenta voltar reformada.
Nunca saberemos como seria se o capitão não tivesse ocupado o Terreiro do Paço ... se tivéssemos seguido outro caminho,imaginamos que seria pior e é tudo.
A minha geração viveu a mudança e o progresso vertiginoso, foi-se adaptando a tudo ...."
Texto entre aspas de Francisco Almeida.

segunda-feira, 12 de junho de 2023

 De Marisa Dias Pereira.

e o mundo em off

Ouve o teu coração
Agradece o que tens
Ama os teus
Diz-lhes todos os dias que os amas
Todos os dias e a toda a hora
Porque são eles o teu porto de abrigo
Encontra o teu caminho
Sente-te realizado com o que fazes
Sem importar aplausos ou palmadinhas nas costas
Faz o que te parece certo, pelas pessoas
Fazer o bem provoca uma sensação única
Sem palavras para descrever
É tão bom que vicia
Dá troco ao amor
Dá crédito à bondade
Dá força ao respeito
Enche a tua vida de boas coisas
De boas pessoas
De certezas
De superações
De luz
De amor
Segue o caminho que te parece certo
Treina a estupidez natural
Dá um chega para lá no que não te acrescenta
E quando não tiveres a certeza do que queres
Que te baste a certeza do que não queres
Ri mais
Dá gargalhadas sonoras
Olha… mas vê
E quando estiveres a ver… sente
No teu coração deixa apenas entrar o que é bom
Na tua vida permite ficar apenas quem te acrescenta
Se deixares a porta aberta… decide bem quem permanece
Se tiveres que colocar pontos finais… não coloques virgulas, nem reticências
Se tiver que ser… vira a página
E continua a viver

sexta-feira, 31 de março de 2023

 Assim se plantaram algumas árvores na mata de Fitares. Eu mais dois a trabalhar, todos os outros a oulhar, a ver como se fazia, perdeu-se a imagem..

domingo, 19 de março de 2023

 Quando eu era pequenina

Disfrutava o teu carinho
Sempre que me afagavas
E me davas um beijinho.
A tua presença constante
Na minha vida de criança
Eu conservo com ternura
No mais intimo da minha mente
Hoje… neste aqui e agora
Que dialogo contigo,
Escuto o timbre da tua voz
Num sussurrar de mansinho.,
Fecho os olhos e adivinho
O teu olhar sobranceiro
A tua voz me fascina….
E me acalma por inteiro.
Amigo, herói, companheiro,
Hoje eu quero agradecer- te
Porque foste sempre e serás
O meu cavaleiro andante
Protetor , leal, verdadeiro
Tua filha.
laurette

sábado, 18 de março de 2023

 HUMILDADE

Não basta ser homem
é preciso mostrar qualidades de o ser…
Ser humilde
é não esquecermo-nos de nós mesmos,
das nossas limitações,
da grandeza
dos nossos pensamentos materialistas
e das ações
que nos levam a patamares imerecidos.
Ser humilde
é termos a capacidade de sentir,
de nos ouvirmos,
em vez de ouvirmos o exterior;
de termos bondade e ternura,
paz e serenidade interior
e força animalesca
quando são atacados os nossos valores mais íntimos.
Ser humilde
é estarmos gratos ao nosso Criador:
ao Criador de tudo o que pensamos,
o que sentimos
e o que agimos em nós e nos outros,
pois assim temos uma base sólida
em todas as virtudes que a humildade contém.
Ser humilde
é acreditarmos
que a nossa maior riqueza
é alcançar,
com inteligência e afetividade,
a humildade,
sem orgulho,
mas com a sabedoria da alma:
que tudo une,
tudo retrata,
tudo experiencia,
tudo tolera
e tudo reencarna.
Ser humilde
é amar o sofrimento,
mesmo quando ele nos agigante
na verdade, de outra realidade,
doutra motivação e sabedoria;
quando se aceita uma pobreza
que se desconhece,
mas que o coração alerta
e o espírito confirma;
quando o céu nos empurra para uma trovoada,
em vez de abraçarmos
a chuva desejada do nosso amanhecer.
Ser humilde
é reconhecer a nossa imperfeição,
a razão de cada aqui e agora;
de corrigimos os nossos erros
quando são alertados pelo coração;
de não desejarmos ser adorados,
prestigiados e bajulados.
Sermos apenas:
AQUILO QUE SOMOS.
Luciano Reis
2023-02-22
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domingo, 5 de março de 2023

 Texto de Alcina Viegas - GUERRA AO OCIDENTE

1. Tive a sorte e o privilégio de ter nascido no berço da civilização ocidental, a mais extraodinária criação da humanidade, nunca suplantada por qualquer outra. Por isso, e em primeiro lugar, cumpre-me agradecer aos nossos antepassados a maravilhosa herança que nos legaram, em todos os domínios da actividade humana, seja na esfera espiritual dos princípios e dos valores, seja no plano tangível do bem material. O fulgor rutilante dos fastos da civilização ocidental é inexprimível. Bondará, no entanto, singularizar alguns factos históricos iniludíveis, para esboçar e prelibar a sublimidade da civilização a que me orgulho de pertencer:
a. Foi o génio do Ocidente que iluminou o pensamento e o conhecimento, e a ele se deve o fantástico progresso técnico-científico de que toda a humanidade actualmente beneficia;
b. Foi no Ocidente que se fundaram as mais antigas Universidades do mundo, que iluminaram o pensamento, a palavra escrita, a pesquisa e a invenção. Continuam a ser faróis do espírito e fonte de sabedoria.
c. Foram os povos ocidentais que desenvolveram os meios de comércio mais bem sucedidos no mundo, incluindo o livre fluxo de capitais. Este sistema de capitalismo de mercado tirou mais de mil milhões de pessoas da pobreza extrema só no século XXI, até ao presente.
d. Foi no Ocidente que floresceu o princípio da representatividade democrática e vicejou a liberdade política, de pensamento, de expressão e de consciência, se edificaram os códigos dos direitos humanos, e se sagrou o primado da dignidade do ser humano, à luz da mensagem cristã.
e. O Ocidente brindou o mundo com realizações culturais prodigiosas e imorredouras, na literatura, nas artes, com apogeu nas deslumbrantes catedrais, na escultura, na pintura, na música, etc..
f. Os povos do Ocidente, e aqui cabe glorificar a gesta heróica lusitana, descobriram o mundo, novas paragens, novas gentes, novas culturas, entrelaçando deste modo laços espirituais e materiais entre todos os seres humanos do planeta.
g. Se dúvidas restassem sobre a grandeza e a riqueza da civilização ocidental, caberia perguntar: para onde se dirigem os crescentes fluxos migratórios que diariamente testemunhamos? Não se dirigem para a China, ou Rússia, ou Ásia, ou África, mas sim, esmagadoramente, para o mundo ocidental, designadamente para a América do Norte, Canadá, Grã-Bretanha, Austrália e União Europeia.
2. Acontece que esta nossa civilização ocidental foi invadida, como no passado, pelos bárbaros da modernidade. Assiste-se presentemente a uma guerra cultural entre os que defendem ardorosamente os ideais e os valores do Ocidente, e os que visam o seu desmoronamento. Por complexo freudiano, por inveja, por ressentimento, por ignorância, por fanatismo ou por imbecilidade, esses bárbaros, nascidos ou recolhidos na civilização ocidental, ruminam e conjuram tendo em mira a demonização do ocidente, a derrocada dos seus alicerces e das suas muralhas, o desmantelo das suas fundações espirituais e culturais. A alternativa que esta gente oferece é a desconstrução e o vazio. A investida chega a atingir paroxismos mórbidos. Falar das épocas de glória do Ocidente, é reaccionário e colonialista; falar dos defeitos de outras culturas, é discurso de ódio.
3. Estas criaturas, maioritariamente da tribo do politicamente correcto, lembram os prisioneiros da alegoria da caverna de Platão. Aprisionados em coletes de forças de verdades e de certezas por outros proclamadas, e sem tentar ir ao encontro de um sentido racional da vida, desprezando a leitura, o pensamento e a reflexão, sucumbem às sombras da parede e aos ecos na caverna, que são ideias pré-estabelecidas, doutrinas menticidas e estereotipadas, falácias, fabulações e opiniões alheias que têm por verdadeiras. Confundem a ilusão com a realidade. Aceitam sem confutar a alogia, o monoideísmo, o relativismo e o niilismo. E acabam por experimentar um sentimento de instabilidade, de insegurança, de vazio, de indiferença e de tédio, que tantas vezes culmina na verrina, na insídia, na agressividade, na lascívia, na podridão moral, ou na servidão. E noutros casos, no autismo, na alienação, na soledade, na ansiedade existencial, e em desordens psicológicas e comportamentais. O obscurantismo cultural é a razão seminal desta ecopatia e deste fanatismo, num intermúndio sem luz, caliginoso e sem sentido.
Como sucede no mito de Platão, muitos, felizmente, com centelha e talento, conseguem libertar-se das grilhetas que os manietavam, e fugir da escravidão, porque decidiram trepar na vereda da cultura para ver o Sol brilhar, que na visão esplendorosa de Platão corresponde também ao Bem. Não se acomodam à mendácia subterrânea, nem ao açamo e retrogressão obscurantista, nem à morbidez do vazio, nem à destruição universalizada da cultura e da palavra, porque tentam responder ao grande poeta Alexander Pope, quando sublinha que «a questão filosófica última é o lugar do homem no mundo». Estou absolutamente convicto de que esta guerra cultural vai terminar com a vitória incontestável da civilização ocidental. Porque os prisioneiros da caverna de Platão vão-se libertando progressivamente das trevas, em busca da luz