As Rosas do Cume
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- "No cume daquela serra
- Eu plantei uma roseira.
- Quanto mais as rosas brotam,
- Tanto mais o cume cheira.
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- À tarde, quando o sol posto,
- E o cume o vento adeja,
- Vem travessa borboleta
- E as rosas do cume beija.
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- No tempo das invernadas,
- Que as plantas do cume lavam,
- Quanto mais molhadas eram,
- Tanto mais no cume davam.
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- Mas se as aguas vêm correntes,
- E o sujo do cume limpam,
- Os botões do cume abrem,
- As rosas do cume brincam.
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- Tenho, pois, certeza agora
- Que no tempo de tal rega,
- Arbusto por mais mimoso
- Plantado no cume, pega.
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- Vem porém o sol brilhante
- E seca logo a catadupa;
- O mesmo sol a terra abrasa
- E as águas do cume chupa.
- A rosa do cume fica
- no mais alto da montanha
- A rosa do cume pica
- A rosa do cume arranha
- As rosas do cume espreitam
- entre as folhagens d'além
- trazidos na fresca brisa
- os cheiros do cume vêm.
- No cume duma montanha
- tem um olho d'água à beira.
- É uma água tão cheirosa
- que a multidão ansiosa
- o olho do cume cheira."
Vídeo: No Cume por Falcão - álbum "Do Penico à Bomba Atômica"
Legal a rima e a ideia. Ótimo
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