segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

E EU, QUEM SOU? 
QUEM SOU EU?

Nesta altura da vida já não sei mais quem sou... 
Vê só que dilema!!! 
Na ficha de qualquer loja sou CLIENTE, no restaurante FREGUÊS, quando alugo uma casa sou INQUILINO, nos transportes públicos e em viatura particular sou PASSAGEIRO, nos correios REMETENTE, no supermercado (e lojas também) sou CONSUMIDOR. Nos serviços sociais sou UTENTE. 
Para o estado sou CONTRIBUINTE, se vendo algo importado souCONTRABANDISTA. Se revendo algo, sou VIGARISTA, se não pago impostos sou SONEGADOR, se descubro uma maneira de pagar um pouco menos, souCORRUPTO. Para votar sou ELEITOR,para os sindicatos sou MASSA SALARIAL, em viagens TURISTA, na rua caminhando PEDESTRE, se passeio, sou TRANSEUNTE, se sou atropeladoACIDENTADO, no hospital PACIENTE. Nos jornais viro VÍTIMA, se leio um livro sou LEITOR, se ouço rádio OUVINTE. A ver um espectáculo sou ESPECTADOR, a ver televisão sou TELESPECTADOR, no campo de futebol sou ADEPTO. Na Igreja católica, sou IRMÃO. 
E, quando morrer... uns dirão que sou...FINADO, outros... DEFUNTO, para outros... EXTINTO, para o povão... MAIS UM QUE DEIXOU DE FUMAR... Em certos círculos espiritualistas serei...DESENCARNADO, os evangélicos dirão que fui... ARREBATADO... 
E o pior de tudo é que, para os governantes sou apenas umIMBECIL !!! 


E pensar que um dia quis ser EU. 


SIMPLESMENTE..

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

      SETE OFÍCIOS

De brincar eu sabia,
apenas onze anos de idade,
no rancho da cortiça aceite,
com uma escada às costas,
percorrendo os montados,
subindo e descendo encostas,
deixando cincos  desenhados,
nas árvores de nova cor,
com aquela tinta branca,
eu era o marcador.

Trabalhar era uma  honra,
muito tinha a aprender,
na escola dos calejados,
sabedores veteranos,
dos trabalhos e dos gados,
das verdades e enganos,
de todo o bem e o do mal,
pelos homens praticados,
muito aprendi afinal,
como trabalhador rural.

Ser homem é difícil,
a vida tem seus escombros,
garroxos e seus espinhos,
seja cedo, seja tarde,
sempre neles damos tombos,
saltinhos e mais saltinhos,
guardando a coisa boa,
repelindo o que é vil,
para não andar à toa,
fui serralheiro civil.

Logo o ferro enferruja,
sem finita duração,
com a roupa sempre suja,
uma desconsulação,
tive que pensar melhor,
mudei de profissão,
para ganhar mais dinheiro,
aprendi a fazer pão,
com farinha e relão,
apendi a ser padeiro.

O trabalho era de noite,
morcego eu não era,
coruja nem pensar,
que iria ser de mim?
tinha mesmo que mudar,
segundo ano fazer,
aos Tribunais concorrer,
para mudar de horário,
depois de tomar posse,
lá fui escritorário.

Todo o português homem,
tinha missão a cumprir,
defender a nossa Pátria,
gritava a todo o momento,
aquele grande ditador,
que vivia em São Bento,
fui na inspecção apurado,
não tinha como me safar,
assentei praça na Ota,
assim fui militar.

O Tribunal pagava mal,
mas ordenado sempre em dia,
quase não dava para o sal,
e a família crescia,
concorri para outro  lado,
com outra condição,
tudo ali era diferente,
explicado em relatório,
aquela nova profissão,
empregado de escritório.

Em marcador comecei
por trabalhador rural passei,
serralheiro civil  me ajeitei,
de ser padeiro gostei,
escritorário adorei,
militar eu nem sei,
em empregado de escritório acabei,
nestes sete ofícios tranzei,
por muitos outros grassei,
não pude mais reformei.
                                                             20-02-2015   ---- Francisco Parreira
Quando   perguntaram a Einstein se acreditava em  Deus, respondeu:

- " Acredito no Deus de Spinoza que se revela por si
     mesmo na harmonia de tudo o que existe, e não no
     Deus que se interessa em premiar ou castigar os
     homens".

Baruch Spinoza, filósofo judeu, viveu em Portugal  e na Holanda, no séc. XVII.
Na Holanda, pelas suas ideias, foi banido pelos rabinos judeus.

Este texto foi  chamado de "Deus segundo Spinoza" ou "Deus falando com você":

"Pára de ficar rezando e batendo no peito. O que eu quero que faças é que saias pelo mundo e desfrutes da tua vida. Eu quero que gozes, cantes, te divirtas e que desfrutes de tudo o que Eu fiz.
Pára de ir a estes templos lúgubres, obscuros e frios que tu mesmo construíste e que acreditas ser a minha casa. A Minha casa está nas montanhas, nos bosques, nos rios, nas praias. Aí é onde eu vivo e expresso o meu amor por ti.
Pára de me culpar pela tua vida miserável; eu nunca te disse que eras um pecador.
Pára de ficar lendo supostas escrituras sagradas que nada têm a ver comigo. Se não podes  ler-me num amanhecer, numa paisagem, no olhar dos teus  amigos, nos olhos do teu filhinho... não me encontrarás em nenhum livro...
Pára de tanto ter medo de mim. Eu não te julgo, nem te critico, nem me irrito, nem me incomodo, nem te castigo. Eu sou puro amor.
Pára de me pedir perdão. Não há nada a perdoar. Se Eu te fiz... Eu te enchi de paixões, de limitações, de prazeres, de sentimentos, de necessidades, de incoerências, de livre-arbítrio. Como posso castigar-te por seres como és, se fui Eu quem te fez? 
Crês que eu poderia criar um lugar onde queimar todos os meus filhos, que não se comportassem bem, pelo resto da eternidade? Que tipo de Deus pode fazer isso?
Esquece qualquer tipo de mandamento  que em ti só geram culpa, são artimanhas para te manipular, para te controlar . Respeita o teu próximo e não faças aos outros o que não queiras para ti. A única coisa que te peço é que prestes atenção à tua vida; que o teu estado de alerta seja o teu guia. Tu és absolutamente livre para fazer da tua vida um céu ou um inferno.
Pára de crer em mim... crer é supor, imaginar. Eu não quero que acredites em mim. Quero que me sintas em ti quando beijas tua amada, quando agasalhas a tua filhinha, quando acaricias o teu cachorro, quando tomas banho de mar.
Pára de louvar-me! Que tipo de Deus ególatra acreditas que Eu seja? Tu  sentes-te grato? Demonstra-o cuidando de ti, da tua saúde, das tuas relações, do mundo. Expressa a tua alegria! Esse é o jeito de me louvar.
Pára de complicar as coisas e de repetir como um papagaio o que te ensinaram sobre mim. Não me procures fora! Não me acharás.
Procura-me dentro de ti... aí é que estou.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

A Letra "P" (inacreditável).

cid:212511716@28122010-0A6C
Para provocar pensadores ...
  A língua portuguesa, junto com a francesa, são as ÚNICAS línguas neolatinas na face da Terra que são completas em todos os sentidos... quem fala português ou francês de nascimento, é capaz de fazer proezas como esse texto com a letra "P". Só o português e o francês permitem isso...  a língua inglesa, se comparada com a língua portuguesa, é de uma pobreza de palavras sem limites...


 (Também não é assim tanto e neste texto há algumas falhas de sintaxe... por ser Português do Brasil? )
 

A LETRA "P"

"Apenas a língua portuguesa nos permite escrever isso...
     
Pedro Paulo Pereira Pinto, pequeno pintor português, pintava portas, paredes, portais. Porém, pediu para parar porque preferiu pintar panfletos. Partindo para Piracicaba, pintou prateleiras para poder progredir.

Posteriormente, partiu para Pirapora. Pernoitando, prosseguiu para Paranavaí, pois pretendia praticar pinturas para pessoas pobres. Porém, pouco praticou, porque Padre Paulo pediu para pintar panelas, porém posteriormente pintou pratos para poder pagar promessas.
Pálido, porém personalizado, preferiu partir para Portugal para pedir permissão para Papai para permanecer praticando pinturas, preferindo, portanto, Paris. Partindo para Paris, passou pelos Pirineus, pois pretendia pintá-los.

Pareciam plácidos, porém, pesaroso, percebeu penhascos pedregosos, preferindo pintá-los parcialmente, pois perigosas pedras pareciam precipitar-se principalmente pelo Pico, porque pastores passavam pelas picadas para pedirem pousada, provocando provavelmente pequenas perfurações, pois, pelo passo percorriam, permanentemente, possantes potrancas. Pisando Paris, permissão para pintar palácios pomposos, procurando pontos pitorescos, pois, para pintar pobreza, precisaria percorrer pontos perigosos, pestilentos, perniciosos, preferindo Pedro Paulo precaver-se.
Profundas privações passou Pedro Paulo. Pensava poder prosseguir pintando, porém, pretas previsões passavam pelo pensamento, provocando profundos pesares, principalmente por pretender partir prontamente para Portugal. Povo previdente! Pensava Pedro Paulo... Preciso partir para Portugal porque pedem para prestigiar patrícios, pintando principais portos portugueses. Paris! Paris! Proferiu Pedro Paulo.

Parto, porém penso pintá-la permanentemente, pois pretendo progredir. Pisando Portugal, Pedro Paulo procurou pelos pais, porém, Papai Procópio partira para Província. Pedindo provisões, partiu prontamente, pois precisava pedir permissão para Papai Procópio para prosseguir praticando pinturas.
Profundamente pálido, perfez percurso percorrido pelo pai. Pedindo permissão, penetrou pelo portão principal. Porém, Papai Procópio puxando-o pelo pescoço proferiu: Pediste permissão para praticar pintura, porém, praticando, pintas pior. Primo Pinduca pintou perfeitamente prima Petúnia. Porque pintas porcarias? Papai proferiu Pedro Paulo, pinto porque permitiste, porém, preferindo, poderei procurar profissão própria para poder provar perseverança, pois pretendo permanecer por Portugal.

Pegando Pedro Paulo pelo pulso, penetrou pelo patamar, procurando pelos pertences, partiu prontamente, pois pretendia pôr Pedro Paulo para praticar profissão perfeita: pedreiro! Passando pela ponte precisaram pescar para poderem prosseguir peregrinando.

Primeiro, pegaram peixes pequenos, porém, passando pouco prazo, pegaram pacus, piaparas, pirarucus. Partindo pela picada próxima, pois pretendiam pernoitar pertinho, para procurar primo Péricles primeiro. Pisando por pedras pontudas, Papai Procópio procurou Péricles, primo próximo, pedreiro profissional perfeito.

Poucas palavras proferiram, porém prometeu pagar pequena parcela para Péricles profissionalizar Pedro Paulo. Primeiramente Pedro Paulo pegava pedras, porém, Péricles pediu-lhe para pintar prédios, pois precisava pagar pintores práticos. Particularmente Pedro Paulo preferia pintar prédios. Pereceu pintando prédios para Péricles, pois precipitou-se pelas paredes pintadas. Pobre Pedro Paulo. Pereceu pintando...
Permita-me, pois, pedir perdão pela paciência, pois pretendo parar para pensar... Para parar preciso pensar. Pensei. Portanto, pronto pararei

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

                                                      SEXTO ANIVERSÁRIO DO
                              projecto criar afectos
 Uma festa muito boa,
aquela onde estive hoje.
naquela aconchegada sala,
em Fitares,  na  Rinchoa.
Onde deram a cara e o peito,
os voluntários castiços
para mostrar,
todo o trabalho feito.
Com amor e dedicação,
para no sexto aniversário
do Projecto Criar Afectos,
fazer a representação.
O Projecto está maior,
cresceu muito,
tem agora novo nome,
é a Universidade Senior.
Por muitos acarinhada,
criticada por descrentes,
esta nova  valia,
em Rio de Mouro locada.
como manda a legislação,
de papelinho passado, 
agora é a USCARM,
que trago no coração. 

09-02-15
Francisco Parreira

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Vida

Vida: 
sensualíssima mulher de carnes maravilhosas 
cujos passos são horas 
cadenciadas 
rítmicas 
fatais. 
A cada movimento do teu corpo 
dispersam asas de desejos 
que me roçam a pele 
e encrespam os nervos na alucinação do «nunca mais». 
Vou seguindo teus passos 
lutando e sofrendo 
cantando e chorando 
e ficam abertos meus braços: 
nunca te alcanço! 
Meu suplício de Tântalo. 
Envelheço... 
E tu, Vida, cada vez mais viçosa 
na oscilação nervosa 
das tuas ancas fecundas e sempre virgens! 
À punhalada dilacero a folhagem 
e abro clareiras 
na floresta milenária do meu caminho. 
Humildemente se rasga e avilta 
no roçar dos espinhos 
minha carne dorida. 
E quando julgo chegada a hora 
meu abraço de posse fica escancarado no ar! 
Olímpica 
firme 
gloriosa 
tu passas e não te alcanço, Vida. 
Caio suado de borco 
no lodo... 
O vento da noite badala nos ramos 
sarcasmos canalhas. 
Não avisto a vida! 
Tenho medo, grito. 
Creio em Deus e nos fantásticos ecos 
do meu grito 
que vêm de longe e de perto 
do sul e do norte 
que me envolvem 
e esmagam: 
— maldita selva, maldita selva, 
antes o deserto, a sede e a morte! 

Manuel da Fonseca, in "Rosa dos Ventos"
Este poema de Fernando Pessoa é hoje dedicado aos meus AMIGOS. 
 cid:49F0896EC11A415AAC55C52524CEE626@SeverinoPC
  "Um dia a maioria de nós irá separar-se.
Sentiremos saudades de todas as conversas atiradas fora,
das descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos,
dos tantos risos e momentos que partilhámos.


Saudades até dos momentos de lágrimas, da angústia, das
vésperas dos fins-de-semana, dos finais de ano, enfim...
do companheirismo vivido.


Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre.

Hoje já não tenho tanta certeza disso.
Em breve cada um vai para seu lado, seja
pelo destino ou por algum
desentendimento, segue a sua vida.


Talvez continuemos a encontrar-nos, quem sabe... nas cartas
que trocaremos.

Podemos falar ao telefone e dizer algumas tolices...
Aí, os dias vão passar, meses... anos... até este contacto
se tornar cada vez mais raro.


Vamo-nos perder no tempo...
 
Um dia os nossos filhos verão as nossas fotografias e
perguntarão:
Quem são aquelas pessoas?

Diremos... que eram nossos amigos e... isso vai doer tanto!

- Foram meus amigos, foi com eles que vivi tantos bons
anos da minha vida!

A saudade vai apertar bem dentro do peito.
Vai dar vontade de ligar, ouvir aquelas vozes novamente...

 
Quando o nosso grupo estiver incompleto...
reunir-nos-emos para um último adeus a um amigo.

E, entre lágrimas, abraçar-nos-emos.
Então, faremos promessas de nos encontrarmos mais vezes
daquele dia em diante.


Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a
sua vida isolada do passado.

E perder-nos-emos no tempo...

Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo: não
deixes que a vida
passe em branco, e que pequenas adversidades sejam a causa de
grandes tempestades...

 
Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem
morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem
todos os meus amigos
 !"

                                                        Fernando Pessoa