quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020
terça-feira, 18 de fevereiro de 2020
O canalizador
Q – Dá licença…
F – Entra…
Q – Quando quiser já pode ir tomar o seu duchezinho… o
trabalho já está
feito… desentupi
a torneira, endireitei o cano e alarguei a anilha.
F – Já não era sem tempo…há oito dias que não tomo duche.
Q – Se calhar já está todo encardido.
F – Poucos comentários senhor canalizador.
Q – Desculpe senhor canalizado.
F – Então quanto é que eu lhe devo.
Q – Já disse, desentupi a torneira, endireitei o cano e
alarguei a anilha.
F – Pronto … e quanto é que eu tenho de lhe pagar por isso…
Q – É quanto o senhor me quiser dar.
F – Eu não gosto de fazer preço ao trabalho das outras
pessoas. Diga lá quanto é…
Q – Como é a primeira vez que eu trabalho cá em casa, o
senhor dá-me o que quiser e
depois fazemos contas.
F – Óh, hó, hó, assim
estamos a perder tempo.
Q – Eu pelo tempo não levo nada. Eu só levo por desentupir a
torneira, endireitar o
cano e alargar a
anilha.
F – Pronto homem… está certo… o trabalho é seu. O senhor chega
ao pé de mim e diz:
Eu levo tanto.
Q – Mas quanto?
F – O que estiver na sua consciência…
Q – Está bem.
F – Então quanto é…
Q – O que tiver na sua consciência.
F – Óh homem assim já me começa a cheirar mal.
Q – Também a mim. Se calhar é do senhor não tomar banho há
oito dias.
F – Óh homem cale-se por favor…
Q – Se me calar não consigo dizer quanto custou o trabalho.
F – E quanto custa…
Q – Quanto é que o senhor costuma pagar por um trabalho
destes…
F – Sei lá… aqui há tempos esteve cá um canalizador a fazer
um trabalho destes…
Q – E quanto é que o senhor lhe pagou?
F – O que o trabalho dele merecia.
Q – E quanto é que o
senhor pensa que o meu trabalho merece?
F – O que está na sua consciência. Você é que sabe.
Q – Eu é que sei? Eu não quero pedir assim tanto…
F – Óh homem, mas você até agora ainda não pediu nada.
Q – Ainda não pedi nada e o senhor já está todo zangado…
F – Irra, irra, quanto é que você quer?
Q – Eu já disse…
F – Então quanto é?
Q – O que você quiser
dar…
F – Óh homem, óh homem então quanto é que você leva por
arranjar uma torneira pequena?
Q – Há e você acha que aquela torneira era pequena?
F – Quanto é que você leva por uma torneira deste tamanho?
Q – Isso era um exagero… uma torneira tão grande.
F – Quanto é que o senhor leva por arranjar uma torneira
normal?
Q – Se a torneira estivesse normal não precisava de ser arranjada.
Além disso o meu
trabalho tem que
ser pago em conjunto. Sim porque a torneira tem que ter camo e
anilha.
F – E quanto é que você me leva por isso, alma do diabo.
Q – Há… isso é conforme.
F – É conforme o quê?
Q – Há uns fregueses que sabem dar o valor do trabalho dos
outros e há outros que se
agarram ao
dinheiro como cão ao osso…
F – Sim…e quanto é que você me leva por me endireitar o cão e
de desentupir o osso…
Q – Enganou-se…
F – Enganei-me …pois enganei-me…eu já não sei o que digo.
Ouça lá você acha quanto
é que…quanto é
que um freguês que não é sovina deve pagar… para lhe dar um
exemplo.
Q – Paga sempre mais que um que é sovina.
F – Pronto… pronto… eu não sou sovina, como já lhe disse. Não
é verdade? Quanto é
que lhe devo
pagar.
Q – Deus me livre… se eu ia fazer o preço de um que não é
sovina… eu ficava a perder.
F – Então vamos lá saber outra coisa. Vamos lá comparar o seu
trabalho com o trabalho
de um barbeiro…
por exemplo.
Q – Boa ideia… sim senhor…
F – Então quando você vai ao barbeiro quanto é que você paga
por uma barba…
Q – Nada! Eu faço a barba em casa.
F – Faz a barba em casa… pois claro, não podia haver
comparação possível…
Q – Não podia haver comparação. Vá dizer ao barbeiro para
endireitar o cano da
torneira haver
se ele é capaz…
F – Ouça lá… quanto é que você quer: vinte Euros, cem Euros,
quinhentos Euros…
Q – O senhor está a ofender-me…ouviu? O senhor acha que eu ia
pedir vinte Euros por
um trabalho
destes?
F – Este homem mata-me. Por causa de uma porcaria de uma
reparação numa torneira
e num cano…
Q – E na anilha, se faz favor…
F – Olhe lá você vai levar cem Euros e quinhentos de gorjeta,
e desapareça daqui que
nunca mais o quero ver….
Q – Eu já estava à
espera disto…vai-me dar só cem Euros. O senhor é um explorador de
quem trabalha, é
um burguês sem coração…
F – Saia, saia, saia daqui e nunca mais o quero ver.
Q – Eu não saio daqui sem antes receber o trabalho que fiz à
sua mulher.
F – E que trabalho foi esse?
Q – Desentupi a torneira, endireitei o cano e alarguei a
anilha.
F – E quanto me leva por isso…
Q – É quanto o senhor me quiser dar…
domingo, 2 de fevereiro de 2020
Projecto Criar Afectos
I _ Os parabéns
te quero dar,
Pelos teus
onze aninhos,
Conheci-te
eras bebé,
Davas os
primeiros passinhos.
II
Não fiquei
logo contigo,
Por razões
pessoais,
Quando pude
me juntei,
Não te
abandonei mais.
III
Pensado para
a terceira idade,
Actividades a
condizer,
Não fico
fechado em casa,
Venho para
ti com prazer.
IV
Contigo fiquei
mais rico,
Mais amor e
carinho,
Quero contigo
continuar,
Trilhando o
bom caminho.
V
A ser mais
tolerante,
No teu seio
aprendi,
A dar mais
valor,
A tudo o que
já vivi.
VI
A nossa roda de amigos,
Pessoas menos saudáveis ajudou,
Como os
vimos e os vemos,
A vida delas
mudou.
VII
Não é do ar com
certeza,
As diferenças que notamos,
São do carinho e afectos,
As diferenças que notamos,
São do carinho e afectos,
Que todos lhe dedicamos.
VIII
Tudo isto só
foi possível,
Com intervenção
solar,
O sol que
nos orienta,
Não nos
deixa preguiçar,
IX
O sol de que
vos falo,
Não é sol
real não,
Ele ajuda
velhos e novos,
Sem fazer
distinção.
X
Para fazer esta
obra,
Foi preciso uma
arquitecta,
O edil
freguês disse sim,
Para se atingir esta meta.
XI
A colenda
arquitecta,
Todos vós sabeis
que é,
À Doutora
Marisa agradecemos,
Por termos o
Projecto de pé.
Rio de Mouro 02-02-2020. Francisco Parreira.
Subscrever:
Mensagens (Atom)