sexta-feira, 5 de julho de 2019

- Nascer em igualdade -

 Vim nu quando nasci,

Meu corpo logo coberto,

 Primeira dádiva recebi,

 Do Supremo estou certo.

          I

Pobre e faminto parido,
Neste lugar para crescer,
Sem sequer ser escutado,
Nada do mundo saber,
Onde muito está errado,
Tenho que o reconhecer,
Sempre terei estudado,
Os lugares onde vivi,
De oportunistas rodeado,
Vinha nu quando nasci.
                     II
Pouco tempo estive nu,
Sem nada só fui lavado,
Naquele primeiro dia,
Fui mui bem agasalhado,
Com as roupas que havia,
Velho ou novo engomado,
Eram tantos a mimar,
Fossem de longe ou de perto,
Para não esfriar,
Meu corpo foi logo coberto.

                   III
Como todos nasci pobre,
Nada trazia diferente,
De algumas coisas desfruto,
Enveja de muita gente,
Pela riqueza não luto,
Nada é meu no presente,
Algo me foi confiado,
De bom grado consenti,
O destino estava traçado,
Primeira dádiva recebi.
                    IV
Sou feliz viver assim,
Neste mundo dantesco,
Rodopio o pensamento,
A riqueza não me seduz,
Tenho consciência séria,
Haja Sol faça-se luz,
Neste mundo de miséria,
Humana sempre por perto,
Donde surgirá tanta léria,
Do Supremo estou certo.

05-07-2019 – Francisco Parreira