terça-feira, 5 de março de 2019

Dia Mundial da Poesia
I
Hoje em todo o mundo
Celebramos lendo poesia
É bonito dá alento
A qualquer hora do dia
II
Estar neste lugar
Um símbolo da liberdade
A ler o que escrevi
Com esta provecta idade
III
Quando escrevo enriqueço
Minha personalidade
Digo-o com muito agrado
E um pouco de vaidade
IV
Seja prosa ou versos
Sem o tema escolher
Faço-o com alegria
Dá-me imenso prazer






V
Ser poeta é saber
Os pensamentos ordenar
Com inspiração e precisão
Para os poemas criar
VI
Não sendo eu um poeta
Como aqui estou a mostrar
Divirto-me e escrevo versos
De-quando em vez a rimar
VII
Emparelhar algumas palavras
É aquilo que faço
Para todos os poetas
O meu sincero abraço.




O5-03-2019 – Francisco Parreira
A guerra dos pimentos
No século anterior os brinquedos oferecidos aos filhos e netos, eram bonecas às raparigas e armas, principalmente espingardas aos rapazes, e, sem opção de escolha, sobretudo nos meios rurais, pois eram esses brinquedos que se encontravam à venda nas feiras anuais.
Quer gostassem ou não de guerras, a isso eram incentivados a brincar, muitas vezes os rapazes com armas ou sem elas, tudo servia para fazer de espingarda, quase tudo era arremessado como se fossem balas e as guerras surgiam do nada.
Num agradável dia de Outono, quando aqueles quatro amigos corriam e brincavam, comandados pelo seu chefe Deodato, o mais velho dos quatro, encontraram junto a umas hortas, um amontoado razoável de pimenteiros que haviam sido arrancados nas hortas, para libertar terra para outras culturas, os quais ainda tinham bastantes pimentos pequenos e grandes, verdes ou vermelhos. O mais novo, o Virgulino arrancou um pimento, atirou-o ao chefe, atingiu-o sem o magoar, foi o rastilho que fez desencadear uma guerra.
De um lado o Deodato e o Virgulino, do outro lado o Canelas e o Valverde. À ordem do Deodato a guerra começou, com o arremesso incontrolável de pimentos, o terreiro da contenda, era todo aquele espaço de hortas em redor do monte de pimenteiros, de onde os guerreiros arrancavam de qualquer maneira os pimentos, chegando mesmo a esborrachá-los e atirando-os uns contra os outros.
Aquela guerra a que deram o nome de “ guerra dos pimentos “, por serem esses usados como munições, durou pouco, não pela falta de munições ou perda de algum guerreiro, mas pela sua inexperiência. Quase em simultâneo os quatro valentes guerreiros, entraram numa aflição tal, num pranto, tomados pelo medo de perder a visão, quanto mais os olhos esfregavam, mais eles lhes ardiam, o susto era tal, que gritavam uns para os outros que iam ficar cegos e o que lhes fariam os pais.
Um ancião trabalhador daquele latifúndio, o senhor José Soromenho que também ali tinha uma horta, onde criava vários produtos, para uso caseiro e acrescentar algo à pequeníssima jorna que o patrão lhe pagava. Ao ouvir aquela gritaria de aflição, foi ver e saber o que se estava a passar com aquelas crianças. Quando chegou e viu aquele cenário, esbodegadas mãos e cara com massa de pimentos, indagou o que tinha acontecido, acalmou-os, mandou-os parar de esfregar os olhos, suportando o ardor, convidou-os a irem para junto de uma vala de água limpa, foi à horta buscar sabão, primeiro lavaram muito bem as mãos, só depois os olhos até que não ardessem, mas continuariam vermelhos por algum tempo. Depois de ultrapassada a grande aflição, o ancião que os conhecia, tal como eles o conheciam a ele, perguntou-lhes se queriam saber porque lhes aconteceu aquilo aos olhos? Os quatro a uma só voz disseram que sim. Não sei se sabem que também alguns pimentos são queimosos e junto com os pimenteiros há malaguetas daquelas grandes, que se usam na conserva das carnes, ao sumo dos pimentos e malaguetas que rebentaram, esfregando depois os olhos provocou tudo isso, que vai passar com o tempo.
 Foi tão estrondosa aquela derrota, que aqueles guerreiros e amigos nunca mais quiseram fazer guerras. 04-03-19 – Francisco Parreira