quarta-feira, 4 de maio de 2016

                                                   DÁVIDA
Deram-me vida, cresci
Deram-me à luz, pariram-me
Deram-me uma nalgada, chorei
Deram-me banho, estava sujo
Deram-me roupa, tinha frio
Deram-me mama, mamei tinha fome
Deram-me cama, tinha sono dormi
Deram-me espaço, onde viver
Deram-me uma família excelente, aceitei
Deram-me mimo tantas vezes, adorei
Deram-me carinho vezes sem conta, retribui
Deram-me vizinhos, excelentes
Deram-me amigos, muitos e bons
Deram-me palmadas, merecidas
Deram-me veredas, por elas caminhei
Deram-me escolas, onde  aprendi
Deram-me reguadas, quando merecidas
Deram-me ardósia, nela escrevi
Deram-me livros, que li
Deram-me trabalho, trabalhei
Deram-me ordenado, pequeno quanto baste
Deram-me sociedade, não muito justa
Deram-me liberdade, alguma
Deram-me oportunidades, aproveitei-as
Deram-me esposa, casei
Deram-me filhos, adoro-os
Deram-me o neto, uma benção
Deram-me tudo, estou grato.
Darei em  em paga, meu corpo para cremação.

Mem Martins, 10-11-2015         Francisco Parreira