A licença de isqueiro
Nas proximidades da antiga conservatória do Registo Civil, decide fumar um cigarro, mas, mal acende o isqueiro, surge-lhe um guarda da GNR que o aborda e exige que lhe mostre a licença de uso do isqueiro. O jovem, não se mostrando intimidado, responde que não possui a dita licença (obrigatória entre 1937 e 1970 para o uso de isqueiros e outros tipos de acendedores em espaço público, ao que se conta para salvaguardar a viabilidade económica da Fosforeira Nacional, propriedade dos Caeiro da Mata, uma família muito próxima de Salazar), não restando ao guarda que não fosse informá-lo que assim sendo teria que o multar em 150$00. “Não pago”, respondeu o rapazola. “Não pagas, vais preso”, disse-lhe o guarda surpreendido com a resposta.
Em tom desafiador, o jovem não desarma: “Preso? Isso é que era bom”. “Estás a gozar…vamos já para o posto”, decide o agente. E lá foram. Chegados ao posto da GNR, o desafiante foi levado à presença do comandante. Num tom agreste e com algumas ameaças pelo meio, o comandante da GNR local pergunta ao jovem alvaladense por que razão insistia ele na frase “isso é que era bom” perante a possibilidade de ser preso por se recusar a pagar a multa. “Já tenho embarque marcado para África para o dia 29 de Abril. Se me prenderem, não vou”, esclareceu. O Comandante, sem alternativa e frustrado por não cobrar a multa nem poder prender o rapazola, remata: “Já me lixaste…desaparece”